A origem das fadas
Desde as brumas do tempo, o ser humano aprendeu a depositar sua confiança na inexorabilidade da natureza, que ganha expressão no ciclo das estações do ano e na alternância do dia e da noite. Na antiguidade essa dualidade da natureza encontrou a sua personificação em figuras femininas.
Essa questão é levantada por Alexander Meireles da Silva, no prefácio de Os Melhores Contos de Fadas Celtas: "afinal de contas, como compreender uma criatura que, aos olhos do patriarcado, é capaz de gerar a vida, mas também se liga à morte pela eliminação regular do sangue, um fluido desde sempre ligado ao viver?". Esse pensamento fomentou o surgimento de criaturas sobrenaturais femininas. Uma dessas principais figuras é a fada.
As fadas são intimamente ligadas à cultura celta e eram vistas como seres responsáveis tanto pelo nascer das plantas e do fluxo dos rios quanto pelo acometimento de enfermidades e outros problemas que deixavam as comunidades do passado intrigadas pelo mistério e imprevisibilidade de sua ocorrência. Ou seja, as fadas nem sempre foram vistas como as criaturas frágeis e meigas como conhecemos hoje.
Como aponta Nelly Novaes Coelho em O conto de fadas (1998), há pouca dúvida entre pesquisadores e pesquisadoras de que as fadas surgiram em meio à cultura celta para expressar a natureza sobrenatural da mulher. Estabelece-se assim, na menção aos poderes proféticos dessas damas mágicas, a vinculação entre os celtas e a hipótese mais aceita quanto à origem da palavra "Fada". Com o tempo, as fadas também passaram a ser associadas à magia.
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Na literatura, as fadas se tornaram protagonistas pela primeira vez, na Inglaterra elizabetana da década de 1590, no poema épico The Faerie Queene, do inglês Edmund Spencer. A peça Sonhos de uma noite de verão, de William Shakespeare, provavelmente composta entre 1594 e 1596, também foi decisiva para a disseminação da figura da fada moderna.
Em 1697, dentro do mesmo contexto que levou Charles Perrault a publicar várias das histórias que viajam o tempo e abriram as portas para o gênero, Marie-Catherine d'Aulnoy cunhou o termo "Contos de Fadas".
Desde então a cultura pop absorveu a figura da fada e a reintroduziu na forma de personagens mais adoradas como a Fada Azul, que daria vida ao boneco de madeira conhecido como Pinóquio, Sininho, que atravessa gerações e se consolidou no imaginário popular ao lado de Peter Pan, a Fada Madrinha, que transforma o vestido de Cinderela na animação da Disney, entre tantas outras.
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