As Aventuras de Pinóquio

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A qualidade Wish

Nossos livros são impressos em papel Pólen® e a seleção e curadoria de cada título é feita com carinho, para que você tenha obras clássicas e raras em sua estante.

Em estantes brasileiras

Já fizemos o envio de mais de 50 mil caixinhas para as mais diversas cidades do Brasil, e adoraríamos ter uma participação cada vez maior em suas leituras.

Era uma vez…
— Um rei! — logo dirão os meus pequenos leitores.
Não, crianças, vocês se enganaram. Era uma vez um pedaço de madeira.
Não era um pedaço de madeira de lei, mas um simples pedaço de lenha, desses que, no inverno, colocamos nos fogões a lenha e nas lareiras para aquecer os cômodos.
Não sei como foi, mas aconteceu que, um belo dia, esse pedaço de pau foi parar na oficina de um velho carpinteiro cujo nome era mestre Antônio, só que todos o chamavam de mestre Cereja, por causa da ponta do seu nariz, que estava sempre reluzente e arroxeada como uma cereja madura.
Assim que o mestre Cereja viu aquele pedaço de pau, ficou todo alegre e, esfregando as mãos de satisfação, murmurou à meia-voz:
— Esse pedaço de pau veio em boa hora! Quero usá-lo para fazer uma perna de mesinha.
Dito isso, pegou logo a machadinha afiada para começar a tirar a casca e a desbastar o pedaço de pau, mas quando ia dar o primeiro golpe, ficou com o braço parado no ar, pois ouviu uma voz bem fininha que, avisando, disse:
— Não me bata muito forte!
Imaginem como ficou o bom e velho mestre Cereja!
Correu os olhos perplexos em torno do quarto para ver de onde poderia ter saído aquela vozinha, mas não viu ninguém! Olhou embaixo da bancada. Nada. Olhou dentro de um armário que estava sempre fechado. Nada. Olhou na cesta das aparas e da serragem. Nada. Abriu a porta da oficina para dar uma olhada na rua. Nada. Será que…?
— Entendi! — disse então, rindo e coçando a peruca. — Quer dizer que aquela vozinha é fruto da minha imaginação. De volta ao trabalho!
E pegando de novo a machadinha, golpeou solenemente o pedaço de madeira.
— Ai! Você me machucou! — gritou a vozinha, queixando-se.
Desta vez, mestre Cereja ficou pasmo, com os olhos esbugalhados de medo e a boca aberta com a língua pendurada até o queixo, como uma daquelas carrancas de chafariz.
Assim que conseguiu falar de novo, começou a dizer, tremendo e balbuciando de susto.
— Mas de onde será que saiu essa vozinha que disse “ai”? Aqui não tem vivalma! Será que foi esse pedaço de pau que aprendeu a chorar e a se lamentar como uma criança? Não dá para acreditar nisso! Esse pau aqui é um pedaço de lenha de lareira, como todos os outros. Se eu o jogar no fogo dá para cozinhar uma panela de feijão. Ou será…? Será que tem alguém escondido dentro dele? Se tiver alguém escondido, pior para ele. Agora dou um jeito nele!
E, dizendo assim, agarrou com as duas mãos aquele pobre pedaço de pau e começou a jogá-lo sem piedade contra as paredes da sala.
Depois ficou escutando para saber se havia alguma vozinha se queixando. Esperou dois minutos e nada; cinco minutos e nada; dez minutos e nada!
— Entendi! — disse então, esforçando-se para rir e desgrenhando a peruca. — Quer dizer que aquela vozinha que disse “ai” foi fruto da minha imaginação! De volta ao trabalho!
E como ele começou a sentir um medo enorme, começou a cantarolar para criar coragem.
Enquanto isso, largando a machadinha, pegou a plaina para aparar e limpar o pedaço de pau; mas enquanto o aplainava para cima e para baixo, ouviu aquela vozinha que lhe disse, rindo:
— Pare! Assim você me faz cócegas por todo o corpo!
Desta vez o coitado do mestre Cereja caiu, estarrecido. Quando abriu novamente os olhos, viu que estava sentado no chão.