Quem foram as vítimas de Jack, o Estripador
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Quem foram as vítimas de Jack, o Estripador

Assassinos notórios despertam a curiosidade há séculos. Em torno das brutalidades e abominações da psique humana, gira o fascínio em relação àquilo que parece simplesmente cruel demais para ser verdade. Enquanto muitos serial killers deixam sua marca no imaginário popular e são relembrados de geração em geração, as histórias de suas vítimas são notoriamente apagadas, renegadas e deturpadas. 

Jack, o Estripador, é um dos assassinos mais famosos do mundo, enquanto as mulheres cujas vidas foram ceifadas são conhecidas por poucos. Polly, Annie, Elizabeth, Catherine e Mary-Jane vieram de Fleet Street, Knightsbridge, Wolverhampton, Suécia e País de Gales. Escreviam baladas, administravam cafés, moravam em propriedades rurais e escapavam de traficantes de pessoas. Sobreviveram num mundo de pobreza, falta de moradia e misoginia desenfreada da melhor forma que podiam em meio à Era Vitoriana.

O fato de terem sido assassinadas em ruas pouco agradáveis e estereotipicamente relacionadas às classes mais pobres levou os jornais a dizerem que “o Estripador” foi um predador de prostitutas. A criminalidade e violência da Era Vitoriana, somadas ao estigma em torno da prostituição serviram de justificativa para que as histórias dessas cinco mulheres fossem vistas como desinteressantes e plausíveis de esquecimento. A afirmação não é apenas falsa, como também impediu que as histórias reais dessas mulheres fascinantes fossem contadas.

Jack, O Estripador, Suas Vítimas E O Estigma Da Prostituição Na Era Vitoriana

Três das cinco mulheres assassinadas por Jack, o Estripador, não eram profissionais do sexo e, mesmo em relação às outras duas, existem questionamentos. Isso porque, durante a Era Vitoriana, um período contraditório por si só, em que por um lado a sociedade vivia o puritanismo exacerbado e, por outro, a população passava por diversas transformações sociais, políticas, econômicas e tecnológicas, mulheres pobres, da classe operária, eram sinônimo de invisibilidade. Se quando elas eram vivas a sociedade fazia de tudo para apagá-las, após suas mortes a história tentou reforçar estereótipos e manter o status quo

Na Inglaterra Vitoriana o lugar de uma mulher era desempenhando o papel de mãe, dona de casa e esposa e nenhuma das cinco vítimas se encaixava perfeitamente nesse lugar. Acreditar que Jack, o Estripador, matou prostitutas ajudava a reforçar a moral de códigos de certo e errado que criava mulheres boas e más. Ou seja, era interessante fazer com que as pessoas acreditassem que elas eram prostitutas porque suas mortes e a violência com que foram assassinadas seriam vistas de maneira diferente. 

Os valores do mundo vitoriano, masculino, autoritário e de classe média, envolveram as histórias de Polly, Annie, Elizabeth, Kate e Mary Jane. Foram formados em um momento em que as mulheres não tinham voz e poucos direitos, e os pobres eram considerados preguiçosos e degenerados: ter sido essas duas coisas era uma das piores combinações possíveis.

Imagem do livro The Five

Segundo Hallie Rubenhold, autora de The Five: A história não contada das vítimas de Jack, o Estripador, a verdade da vida dessas mulheres não era simples, e a sensacionalista imprensa do século XIX não estava interessada em contar a história toda e expor a complexidade da vivência de cada uma das vítimas. Suas vidas não eram dignas o suficiente para ganhar destaque ou terem suas biografias expostas com profundidade. Ninguém se importou com quem elas eram nem como foram parar em Whitechapel, na noite em que foram brutalmente assassinadas.

Segundo a historiadora Judith Flanders, no século XIX, muitas pessoas usavam o termo "prostituta" de forma mais ampla do que usamos hoje. Chamavam de prostitutas mulheres que viviam com homens fora do casamento, mulheres que tiveram filhos ilegítimos, ou mulheres que talvez tivessem relações com homens, mas por prazer e não por dinheiro.

A ideia de que as vítimas de Jack, o Estripador, eram "apenas prostitutas" procurava e ainda procura perpetuar a crença de que existem mulheres boas e más. Segundo Rubenhold, sugere que existia um padrão aceitável de comportamento feminino e que aquelas que se desviam dele deveriam ser punidas. A história de cada uma dessas cinco mulheres reflete uma ou mais falhas da sociedade que tentou apagá-las e, talvez, contar suas histórias fosse contar a história de milhares de outras mulheres que foram notoriamente apagadas por comportamentos que fugiam do ideal da época. 

Contar a verdadeira história de Polly, Annie, Elizabeth, Catherine e Mary-Jane é devolver a dignidade para as vítimas e pesar o outro lado da balança que dá destaque de celebridade aos assassinos em série. 

Quem foram as vítimas de Jack

Imagem ilustrativa de Polly

Mary Ann Nichols

Mais conhecida como Polly, nasceu entre gráficas e prensas, no mesmo cenário em que foram fabricadas algumas das mais famosas histórias vitorianas. Ao contrário do que se esperava na época, Polly foi alfabetizada. Perdeu a mãe cedo e foi obrigada a assumir o cuidado da casa e da família. 

Após ser obrigada a conviver com o marido e a amante, Polly foi tentar a sorte sozinha. Sem conseguir um emprego, viveu na pele o dia a dia nas casas de trabalho vitorianas e as frias e inseguras sem um teto. Divorciada e sem recursos, morreu sem conseguir um lugar para dormir na noite em que foi assassinada, em 31 de agosto de 1888.

Imagem ilustrativa de Annie

Annie Chapman

Annie Chapman lidou com o luto bem nova. Em menos de três semanas, perdeu quatro de seis irmãos para um surto de escarlatina, infelizmente comum na época, e, com pouco mais de quinze anos, sofreu com o suicídio do pai. Annie se tornou a principal provedora da família e conseguiu trabalho como doméstica. Algum tempo depois, elevou seu status à classe média após se casar com o cocheiro de um cavalheiro, topo da hierarquia dos criados, mas sofreu com uma das mazelas mais comuns do período: o álcool. 

Mesmo após programas de tratamento, Annie fracassou em se livrar do vício e o casal se separou. Assim como no caso de Polly Nichols, não existem fontes confiáveis de que Annie Chapman trabalhou como prostituta, nem há evidências de que ela tenha sido presa ou advertida por seu comportamento. Na noite em que foi assassinada, no dia 8 de setembro de 1888, Annie estava muito doente, senão em estado terminal, com tuberculose, e sem dinheiro para pagar por uma cama. 

Imagem ilustrativa de Elizabeth Stride

Elizabeth Stride

Elizabeth Stride era sueca e filha de fazendeiros. Virou doméstica e, em algum momento, pegou sífilis, uma doença avassaladora na época. Não se sabe se contraiu a doença por meio de uma relação consensual ou uma violência, onde ocorreu ou em que circunstâncias, mas sua vida foi marcada. Contaminada com a sífilis, grávida e sem um companheiro, foi obrigada a se registrar como prostituta em uma época em que se acreditava que o Estado pudesse controlar "a mulher moralmente corrompida". 

Submetida a exames invasivos e políticas regulatórias, teve sua dignidade tirada e não conseguia mais obter um trabalho respeitável para a época e precisou recorrer à prostituição. Em 1866, conseguiu um emprego como criada em uma família próspera inglesa. Em Londres, se casou e teve diversos empregos, mas nenhum que conseguisse manter por muito tempo. 

Ao longo de sua vida, Elizabeth foi várias coisas para muitas pessoas. Foi ao mesmo tempo sombria e clara, uma ameaça e um conforto. Foi filha, esposa, irmã, amante, fraudadora, empregada, dona de um café, arrumadeira, estrangeira e uma mulher que já havia se prostituído várias vezes. 

No entanto, a polícia e os jornais viram apenas outra vítima: uma "infeliz" que residia em uma pensão em Whitechapel, uma mulher bêbada, degenerada e acabada, havia muito sem o vigor da juventude. Ninguém se importou em procurar familiares, parentes do marido ou conhecidos. Elizabeth Stride desapareceria nas sombras com seu assassino, em 30 de setembro. 

Imagem ilustrativa de Kate

Kate Eddowes

Kate Eddowes, ou "Chick", como sua família a chamava, era a mais nova, nasceu em uma numerosa família de forjadores. O ônus de doze crianças impossibilitou condições financeiras prósperas para a família que precisou enfrentar a pobreza. 

Em uma época em que não existia acesso a métodos contraceptivos para as classes trabalhadoras, a mãe de Kate, como a mãe dela, avó e a maioria das mulheres da comunidade, teria sido condicionada a aceitar engravidar constantemente como parte das obrigações de uma esposa. 

Kate foi sortuda por ter sido beneficiada com uma educação formal em uma escola de caridade. Entretanto, com apenas 13 anos perdeu a mãe para a tuberculose. Ao final da adolescência, Kate foi enviada para morar com parentes no interior. Conheceu um irlandês e o casal se tornou "vendedores ambulantes de papelaria" ou "vendedores de papel em geral", que andavam pelas ruas e praças gritando títulos e dando resumos de seus livretos e folhetos. Kate cantava e recitava passagens de uma balada enquanto seu companheiro as mostrava aos transeuntes. 

A vida itinerante não era fácil e o casal precisou recorrer às casas de trabalho algumas vezes. O casal, com filhos, voltou para Londres, onde enfrentou a insegurança e a falta de recursos. Kate foi vítima da violência doméstica e se tornou alcoólatra, vagando pelas ruas de Londres. Foi em 30 de setembro, em mais uma noite procurando um lugar de descanso que sua vida foi ceifada. 

Imagem ilustrativa de Mary Jane

Mary Jane Kelly 

Mary Jane Kelly continua um mistério. As histórias que contava sobre si mesma continham alguma verdade e alguma ficção, mas ninguém jamais foi capaz de determinar quais partes eram o quê. Para alguns dizia ser irlandesa, mas talvez tenha na verdade nascido no País de Gales. Seu nome provavelmente foi alterado por ela mesma, como uma forma de recomeçar sua vida. A verdade é que vivia como pedinte. 

À medida que as notícias de seu assassinato se espalhavam pelo Reino Unido e pelo mundo, parece que nenhum amigo ou parente do passado reconheceu o nome de Mary Jane Kelly ou qualquer parte de sua história o suficiente para se apresentar. A verdade é que ela morou em um "bordel" em West End, Londres, e conseguiu escapar por pouco do tráfico de mulheres, que havia se tornado um lucrativo negócio na época. Embora tenha conseguido fugir, Mary Jane Kelly nunca mais teria uma vida fácil em Londres.

Em algum momento nas primeiras horas de 9 de novembro de 1888, decidiu encerrar o dia se recolher e voltou para o quarto que alugava. Mary Jane foi assassinada onde vivia, envolta na escuridão, após se deitar na cama e puxar o lençol confortavelmente ao redor do corpo, tentando proteger-se da noite.

The Five é um retrato sombrio e emocionante da Londres vitoriana - a história não contada das mulheres assassinadas por Jack, o Estripador. Uma mostra de como a sociedade se torna invisível e fecha os olhos para aqueles que não correspondem ao que se espera das mulheres de sua época. É hora de conhecermos os surpreendentes triunfos e as dificuldades de partir o coração que essas mulheres encontraram ao longo de suas vidas, revelando que a mesma Inglaterra de Dickens e da rainha Vitória também era um mundo de pobreza e misoginia desenfreada.

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