Por que histórias de fantasmas fazem sucesso no Natal?
Charles Dickens, famoso escritor inglês, foi um dos principais responsáveis por popularizar os contos de fantasma natalinos na Inglaterra. Christmas Carol, ou “Um Conto de Natal”, vendeu seis mil cópias em apenas uma semana, é uma das histórias de Natal mais adaptadas e publicadas do mundo e mudou para sempre o que entendemos como histórias natalinas. Mas, afinal, por que histórias de fantasmas fazem tanto sucesso no Natal?
Apesar de, hoje, ser celebrada como uma festividade cristã em quase todo o Ocidente, o Natal tem origens pagãs. Antes de o Natal se tornar um dos maiores marcos comerciais do ano, o Solstício de Inverno e o Yule eram comemorados por povos pagãos na Europa. O solstício de inverno é o dia mais escuro do ano no hemisfério Norte, com noites longas e frias. Dizem que era o momento no qual os mortos poderiam fazer contato com os vivos.
Antigamente, assim como diversas narrativas folclóricas, muitas histórias de Natal eram, originalmente, cânticos. No século XIX, essas canções de Natal foram reintroduzidas nas classes médias por meio de antologias escritas por antiquários que as colecionavam – ou seja, transcreviam as canções das classes trabalhadoras, repaginando-as comercialmente para as classes médias.
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Entre ceias, cantorias e bebidas alcoólicas — e sem celulares, televisão ou mesmo a energia elétrica —, restava apenas a boa e velha contação de histórias para animar (ou assustar) a noite, e relembrar os que já partiram. Grande parte dos contos de Natal que conhecemos hoje, com elementos sobrenaturais, foram escritos por autores ingleses durante o período vitoriano.
Após a Revolução Industrial, as histórias que antes tomavam conta das casas por meio da tradição oral, agora podiam ser abraçadas pela tinta e pelo papel nos materiais impressos. Com a produção em larga escala, o acesso a esses materiais também se tornou mais barato, o que permitiu que pessoas de todas as classes sociais tivessem um leque de opções de histórias. Isso ajudou a popularizar essas narrativas e consolidou a tradição de contar histórias assustadoras durante as noites mais longas do ano e nas festividades como o Natal.
O período vitoriano foi uma era de ouro para crenças em forças e energias sobrenaturais, histórias de fantasmas e fenômenos assustadores. Ao mesmo tempo em que foi um período em que a população observava um rápido avanço científico e tecnológico, a sociedade também respondia com discursos mágicos e um fascínio crescente pelo ocultismo. E a literatura refletia essa interação entre ciência e magia.
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Por terem o hábito da escrita — mesmo que em manuscritos —, os autores puderam registrar e agrupar os seus costumes, formando uma tradição que permaneceu em praticamente todos os países da Europa. As histórias sobrenaturais atravessaram gerações, além do fortalecimento do Natal como uma data comercial. Isso fez com que autores ingleses resgatassem parte dessas tradições orais e permitiu que os fantasmas fizessem morada em diversos lares ao redor do mundo.
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