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Em estantes brasileiras

Já fizemos o envio de mais de 50 mil caixinhas para as mais diversas cidades do Brasil, e adoraríamos ter uma participação cada vez maior em suas leituras.

Quando criança, sempre pensei que uma visita a Wyther Grange era um grande prazer. Era uma casa grande, silenciosa e antiquada onde moravam a vovó Laurance e a sra. Winnifred DeLisle, minha tia. Eu era a favorita delas, mas nunca consegui superar ter uma certa admiração pelas duas. A vovó era uma senhora alta e digna, com olhos pretos aguçados que pareciam mesmo entrar na alma. Ela sempre usava vestidos rígidos e farfalhantes de seda rica, feitos à moda de sua juventude. Suponho que ela trocasse de vestido de vez em quando, mas a impressão em minha mente era sempre a mesma, enquanto ela andava pela casa com um grande molho de chaves em seu cinto ― chaves que abriam uma série de maravilhosos baús e caixas antigas e gavetas. Um dos meus maiores prazeres era assistir à vovó em suas peregrinações e observar o desdobramento e o exame de todos aqueles antigos tesouros e heranças de Laurances passados.
Com a tia Winnifred eu ficava menos admirada, possivelmente porque ela se vestia de uma maneira moderna e, portanto, parecia mais humana e natural aos meus olhinhos. Como Winnifred Laurance, ela tinha sido a beleza da família e ainda era uma bela mulher, com olhos escuros brilhantes e feições de camafeu. Ela sempre parecia muito triste, falava em voz baixa e doce, e era meu ideal infantil de tudo o que era nobre e gracioso.
Eu tinha muitos lugares queridos em Grange, mas gostava mais do sótão. Era um lugar antigo e espaçoso, grande o suficiente para abrigar confortavelmente uma família, e estava cheio de móveis descartados e baús velhos e caixas de enfeites descartados. Eu nunca me cansava de brincar lá, vestindo vestidos e chapéus antiquados e praticando passos de dança dos velhos tempos diante do espelho alto e rachado pendurado em uma das extremidades. Aquele velho sótão era uma verdadeira terra das fadas para mim.
Havia um velho baú que eu não podia explorar e, como todas as coisas proibidas, possuía uma grande atração para mim. Ficava em um canto empoeirado e cheio de teias de aranha, uma caixa de madeira alta e forte, pintada de azul. Por uma conversa ou outra que eu tinha ouvido de vovó, sabia que havia uma história; era a única coisa que ela nunca explorava em suas revisões periódicas. Quando me cansava de brincar, eu gostava de subir nele e sentar-me ali, imaginando minhas próprias fantasias a respeito dele — sendo a minha favorita a de que algum dia eu deveria resolver o enigma e abrir o baú para encontrá-lo cheio de ouro e joias com as quais eu poderia restaurar a fortuna dos Laurances e todos os esplendores tradicionais de Wyther Grange.
Eu estava sentada lá um dia quando tia Winnifred e vovó Laurance subiram a escada estreita e escura, esta última tilintando suas chaves e espiando os cantos empoeirados enquanto caminhava pela sala. Quando chegaram ao velho baú, a vovó bateu no topo com as chaves.
— Eu me pergunto o que há neste velho baú — disse ela. — Acho que deveria ser aberto. As mariposas podem ter entrado nele por aquela rachadura na tampa.
— Por que você não abre, mãe? — disse a sra. DeLisle. — Tenho certeza de que a chave de Robert caberia na fechadura.
— Não — recusou-se a vovó no tom que ninguém, nem mesmo tia Winnifred, jamais sonhou em contestar. — Não abrirei sem a permissão de Eliza. Ela o confiou aos meus cuidados quando foi embora, e prometi que nunca deveria ser aberto até que ela viesse buscá-lo.
— Pobre Eliza — disse a sra. DeLisle, pensativa. — Imagino como ela está agora. Muito mudada, como todos nós, suponho. Faz quase trinta anos desde que ela esteve aqui. Como era bonita!
— Eu nunca a aprovei — disse a vovó bruscamente. — Ela era uma criatura sentimental e fantasiosa. Ela poderia ter se casado bem, mas preferiu desperdiçar sua vida definhando pela memória de um homem que não era digno de desamarrar o cadarço de um Laurance.
A sra. DeLisle suspirou e não respondeu. As pessoas diziam que ela tivera seu próprio romance na juventude e que sua mãe o reprimira severamente. Eu tinha ouvido falar que seu casamento com o sr. DeLisle foi sem amor da parte dela e provou ser muito infeliz. Mas ele estava morto havia muitos anos, e tia Winnifred nunca falava dele.