











Uma leitura perfeita para os fãs de Jane Austen e Charles Dickens
Primeiro lançamento DarkSide® Books ♥ Editora Wish
Refletindo o contraste entre o norte industrial e o sul bucólico da Inglaterra, conhecemos Margaret Hale e John Thornton. Ela, uma jovem aristocrática arrancada de seu lar pastoril; ele, um rígido proprietário de fábrica. Unindo crítica social e romance, Elizabeth Gaskell nos envolve com sua prosa cheia de duras confissões de amor e os efeitos da Revolução Industrial no período vitoriano.
Apresentado por Paola Aleksandra
"Sonhadora, esperançosa e propensa aos finais felizes dignos de grandes reviravoltas, Elizabeth escreveu um romance com camadas sociais em uma época em que a mulher não podia nada, nem ao menos ser mulher. E, feito isso de forma grandiosa ou não, a verdade é que a autora escreveu com o coração e sentimos isso nas páginas de Norte e Sul. Por isso, te convido a mergulhar nessa história, desvendar seus personagens e visualizar o cenário social criado por Elizabeth Gaskell enquanto reflete sobre a liberdade de sermos nós mesmas – mulheres únicas, grandiosas e fortes, cada uma a sua maneira."
Inclui brindes
Além do livro capa dura com mais de 500 páginas, um marcador de páginas e dois postais (Margaret e John).
Ficha técnica
Dados | Informações |
Nome do Autor | Elizabeth Gaskell |
Tradutor | Marina Della Vale |
ISBN | 978-85-67566-64-1 |
Páginas | 512 |
Formato | 15,5x23 cm |
Capa | Capa dura |
Miolo | Papel pólen |
Edição | 1ª |
Conteúdo | Indicado para 16+ |
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— Edith! — disse Margaret, gentilmente. — Edith!
Mas, como Margaret suspeitara, Edith havia adormecido. Estava enrodilhada no sofá da sala de estar dos fundos da rua Harley, muito bela em musselina branca e fitas azuis. Se Titânia um dia tivesse se vestido de musselina branca e fitas azuis e adormecido em um sofá de seda adamascada vermelha em uma sala de estar dos fundos, Edith poderia ser tomada por ela. Margaret se impressionou de novo pela beleza da prima. Tinham crescido juntas desde a infância, e por todo esse tempo Edith era notada por todos, a não ser Margaret, por sua beleza; mas Margaret nunca tinha pensado nisso até os últimos dias, quando a perspectiva de logo perder a companhia parecia dar força a cada qualidade ou charme que Edith tinha. Estiveram falando sobre vestidos e cerimônias de casamento; e o capitão Lennox, e o que ele dissera a Edith sobre a vida futura dela em Corfu, onde o regimento dele estava posicionado; e a dificuldade de manter um piano bem afinado (uma dificuldade que Edith parecia considerar uma das mais sérias que poderiam lhe suceder na vida de casada) e que vestidos ela iria querer nas visitas à Escócia, que deveriam suceder imediatamente ao casamento; mas o tom sussurrado ultimamente se tornara mais arrastado; e Margaret, depois de uma pausa de uns minutos, descobriu, como imaginara, que apesar do barulho no cômodo ao lado, Edith havia se enrolado em uma bola suave de musselina e fitas e cachos acetinados e caíra em um tranquilo cochilinho pós-refeição.
Margaret estivera para contar à prima alguns dos planos e visões que imaginara para sua vida futura no presbitério no campo, onde a mãe e o pai moravam; e onde sempre passara as férias alegres, embora, pelos últimos dez anos, a casa da tia Shaw fosse considerada seu lar. Mas, sem ouvinte, teve de matutar sobre a mudança em sua vida em silêncio como fizera até então. Era um pensamento feliz, embora tingido pelo pesar de ficar separada da tia doce e da prima querida por tempo indefinido. Enquanto pensava no deleite de ocupar a posição importante de única filha no presbitério de Helstone, trechos da conversa no cômodo ao lado chegaram aos seus ouvidos. Tia Shaw falava com cinco ou seis senhoras que haviam jantado ali e cujos maridos ainda estavam na sala de jantar. Eram conhecidos da casa; vizinhos a quem a sra. Shaw chamava de amigos, pois jantava com eles com mais frequência do que com outras pessoas, e por que, se ela ou Edith quisesse qualquer coisa deles, ou eles delas, não teriam escrúpulos de visitarem a casa um do outro antes do almoço. Essas senhoras e seus maridos tinham sido convidados, em sua qualidade de amigos, para um jantar de despedida em homenagem ao casamento de Edith, que se aproximava. Edith se opusera ao arranjo, pois o capitão Lennox era esperado em um trem tardio naquela mesma noite; mas, embora fosse uma criança mimada, era muito despreocupada e indolente para ter muita vontade própria, e cedeu quando descobriu que a mãe havia pedido aqueles acepipes da estação que sempre se supõe serem eficazes contra o pesar imoderado em jantares de despedida. Ela se contentou em se recostar na cadeira, apenas brincando com a comida no prato e parecendo séria e ausente; enquanto todos em torno dela desfrutavam dos ditos espirituosos do sr. Grey, o cavalheiro que sempre ficava na cabeceira da mesa nos jantares da sra. Shaw, e pedia a Edith que desse a eles um pouco de música na sala de estar. O sr. Grey estava particularmente aprazível naquele jantar de despedida, e os cavalheiros ficaram no andar de baixo mais tempo que de costume. Era muito bom que ficassem – a julgar pelos fragmentos de conversa que Margaret ouvia.
— Eu sofri muito eu mesma; não que não estivesse extremamente feliz com o pobre general querido, mas ainda assim a disparidade de idades é uma desvantagem; uma que decidi que Edith não teria de encontrar. É claro, sem nenhuma parcialidade maternal, previ que a criança querida se casaria logo; de fato, disse com frequência que tinha certeza de que ela estaria casada antes dos dezenove. Tive um sentimento muito profético quando o capitão Lennox… — E aqui a voz baixou em um sussurro, mas Margaret podia preencher a lacuna com facilidade.
O curso do amor verdadeiro, no caso de Edith, correra de modo notavelmente suave. A sra. Shaw tinha cedido ao pressentimento, conforme expressara; e havia encorajado bastante o casamento, embora fosse abaixo das expectativas que muitos dos conhecidos de Edith haviam formado sobre ela, uma herdeira jovem e bonita. Mas a sra. Shaw disse que sua filha única deveria se casar por amor… e suspirou de modo enfático, como se amor não tivesse sido seu motivo para se casar com o general. A sra. Shaw apreciava o romance do noivado um tanto mais que a filha. Não que Edith não estivesse total e muito apropriadamente apaixonada; ainda assim, certamente teria preferido uma boa casa em Belgravia a toda a beleza da vida que o capitão Lennox descrevia em Corfu. Nas mesmas partes que faziam Margaret brilhar ao ouvir, Edith fingia estremecer e tremer; em parte pelo prazer que tinha ao ser persuadida pelo namorado afetuoso a deixar de lado aquele desgosto, e em parte por que qualquer coisa de uma vida cigana ou provisória realmente lhe era desagradável. Porém, viesse outro com uma bela casa, e uma bela propriedade, e um belo título para acompanhar, Edith ainda teria ficado com capitão Lennox enquanto durasse a tentação; quando tivesse terminado, era possível que pudesse ter pequenas apreensões de pesar maldisfarçado porque o capitão Lennox não poderia unir em sua pessoa tudo o que era desejável. Nisso, era filha de sua mãe; que, depois de se casar deliberadamente com o general Shaw sem sentimentos mais ardentes do que respeito pelo caráter e pela posição dele, estava constantemente, embora em silêncio, reclamando de seu destino duro por estar unida a alguém que não conseguia amar.
— Não poupei despesas no enxoval de noiva dela — foram as próximas palavras ouvidas por Margaret. — Ela tem todas as belas echarpes indianas e cachecóis que o general me deu, mas que nunca mais vou usar de novo.
— Ela é uma moça de sorte — respondeu outra voz, que Margaret sabia ser a da sra. Gibson, uma senhora que tinha interesse dobrado na conversa, pelo fato de uma das filhas ter se casado nas últimas semanas. — Helen queria uma echarpe indiana, mas quando descobri o preço extravagante que pediam, fui obrigada a recusar. Ela vai ficar com inveja ao ouvir que Edith tem echarpes indianas. De que tipo são? Delhi? Com os lindos bordadinhos?
Margaret ouviu a voz da tia novamente, mas desta vez era como se ela tivesse se levantado da posição meio reclinada e estivesse olhando para a sala de estar menos iluminada.
— Edith! Edith! — gritou ela; e então afundou como se tivesse ficado cansada pelo esforço.
Margaret deu um passo para a frente.
— Edith adormeceu, tia Shaw. Há alguma coisa que eu possa fazer?
Todas as senhoras disseram “Pobre criança!” ao receberem a informação preocupante sobre Edith; e o minúsculo cão de colo nos braços da sra. Shaw começou a latir, como se empolgado pela explosão de pena.
— Quieta, Pequetita! Menininha travessa! Vai acordar sua dona. Era apenas para pedir a Edith se ela poderia dizer a Newton para trazer as echarpes dela aqui para baixo: talvez você pudesse ir, querida Margaret?
Margaret subiu para o antigo quarto de crianças bem no topo da casa, onde Newton estava ocupada pegando algumas rendas que eram necessárias para o casamento. Enquanto Newton foi (não sem um resmungo silencioso) desdobrar as echarpes, que já tinham sido exibidas quatro ou cinco vezes naquele dia, Margaret olhou em torno pelo quarto de crianças; o primeiro cômodo naquela casa com o qual tinha se tornado familiar nove anos antes, quando fora levada, indomada da floresta, para partilhar a casa, as brincadeiras e as lições da prima Edith. Ela se recordava da aparência escura, mal-iluminada do quarto de crianças de Londres, presidido por uma ama austera e cerimoniosa, que era terrivelmente meticulosa a respeito de mãos sujas e vestidos rasgados. Ela se recordou da primeira refeição ali – separada do pai e da tia, que jantavam em algum lugar abaixo, uma profundidade infinita de escadarias; pois, a não ser que estivesse alto no céu (a criança pensou), eles deveriam estar bem no fundo das entranhas da terra. Em casa – antes de ir morar na rua Harley – o quarto de vestir da mãe fora seu quarto de crianças; e, como faziam as coisas cedo no presbitério do interior, Margaret sempre fazia as refeições com o pai e a mãe. Ah! Como a garota alta e imponente de dezoito se recordava bem das lágrimas derramadas com tanta paixão de tristeza pela menininha de nove, ao esconder o rosto debaixo das roupas de cama, naquela primeira noite; e de como a aia pedira a ela que não chorasse, pois perturbaria a senhorita Edith; e como havia chorado amargamente, mas em silêncio, até que sua tia recém-vista, grandiosa e bela subira suavemente com o sr. Hale para mostrar a ele a filhinha adormecida. Então a pequena Margaret silenciara os soluços, e tentara ficar quieta como se dormisse, temendo deixar o pai descontente com sua tristeza, que ela não ousava expressar diante da tia, e que pensava que era um tanto errado sentir depois da longa esperança, do planejamento e do arranjo que tinham feito em casa, antes que seu guarda-roupa pudesse ser arrumado de modo a se adequar às grandes circunstâncias, e antes que papai pudesse deixar sua paróquia para ir até Londres, mesmo por apenas uns dias.
Agora ela precisava amar o velho quarto de crianças, embora fosse um lugar desmantelado; e olhou por tudo, com um tipo de pesar felino, com a ideia de deixá-lo para sempre em três dias.
— Ah, Newton! — disse ela. — Acho que vamos todas sentir por deixar este velho quarto querido.
— De fato, senhorita, eu que não sentirei. Meus olhos não são tão bons quanto costumavam ser, e a luz aqui é tão ruim que não consigo enxergar para remendar as rendas, a não ser bem aqui na janela, onde há sempre uma corrente de ar chocante… o suficiente para matar alguém de resfriado.
— Bem, ouso dizer que terá boa luz e muito calor em Nápoles. Precisa manter o máximo do cerzido que puder até lá. Obrigada, Newton, posso levá-las lá para baixo; você está ocupada.
Então Margaret desceu carregada de echarpes e aspirando o aroma oriental picante delas. A tia pediu que ela ficasse de pé como um tipo de manequim no qual mostrá-las, já que Edith ainda estava adormecida. Ninguém pensou naquilo; mas a figura alta e bem-feita de Margaret, no vestido de seda negra que usava de luto por algum parente distante do pai, realçou as belas dobras longas das echarpes maravilhosas que teriam meio que sufocado Edith. Margaret estava bem debaixo do lustre, muito silenciosa e passiva, enquanto a tia ajustava as dobras. Ocasionalmente, quando era virada, vislumbrava a si mesma no espelho sobre a lareira e sorria com a própria aparência ali — os traços familiares nos trajes costumeiros de uma princesa. Tocou suavemente as echarpes que pendiam em torno de si e se deleitou com a maciez e as cores brilhantes e apreciou um tanto de ser vestida em tal esplendor — gostando daquilo tanto quanto uma criança teria gostado, com um sorriso contente silencioso nos lábios. Bem então a porta se abriu, e o sr. Henry Lennox foi subitamente anunciado. Algumas das senhoras se assustaram, como se meio envergonhadas de seu interesse feminino em vestimentas. A sra. Shaw estendeu a mão para o recém-chegado; Margaret ficou perfeitamente imóvel, achando que ainda quisessem que fosse uma espécie de bloco para as echarpes; mas olhando para o sr. Lennox com um rosto alegre e divertido, como se certa da empatia dele pela sensação de comicidade ao ser surpreendida daquela maneira.
A tia dela estava tão absorta em fazer ao sr. Henry Lennox — que não tinha podido ir para o jantar — todo tipo de pergunta sobre o irmão dele, o noivo, a irmã dele, a dama de honra (vindo com o capitão da Escócia para a ocasião) e vários outros membros da família Lennox que Margaret viu que não era mais necessária como porta-echarpes e se dedicou ao entretenimento dos outros visitantes, de quem a tia se esquecera por um momento. Quase imediatamente, Edith veio da sala dos fundos, piscando e apertando os olhos com a luz mais forte, balançando os cachos levemente eriçados e no conjunto parecendo como se a Bela Adormecida tivesse acabado de despertar dos sonhos. Até no sono ela sentira instintivamente que valia a pena despertar por um Lennox; e tinha múltiplas questões a fazer sobre a querida Janet, a futura cunhada jamais vista, a quem professava tanta afeição que, se Margaret não fosse tão orgulhosa, quase poderia ter sentido ciúmes da rival. Enquanto Margaret ficava mais para o fundo da conversa da tia, viu Henry Lennox dirigindo o olhar para um assento livre perto dela; e soube muito bem que assim que Edith o liberasse do questionamento, ele tomaria posse daquela cadeira. Não tivera certeza, pelo relato um tanto confuso da tia sobre os compromissos do rapaz, se ele chegaria naquela noite; era quase uma surpresa vê-lo; e agora ela tinha certeza de que seria uma noite agradável. Ele gostava e desgostava basicamente das mesmas coisas que ela. O rosto de Margaret se iluminou em uma alegria honesta, aberta. Por fim, ele veio. Ela o recebeu com um sorriso que não tinha um traço de timidez ou inibição.
— Bem, imagino que estejam todas envolvidas em negócios… negócios de senhoras, quero dizer. Muito diferente do meu negócio, que é o verdadeiro negócio do direito. Brincar com echarpes é um trabalho muito diferente de escrever acordos.
— Ah, eu sabia que se divertiria ao nos ver todas tão ocupadas admirando ornamentos. Mas realmente, echarpes indianas são as mais perfeitas.
— Não duvido que sejam. Seus preços são muito perfeitos, também. Não ficam nada a dever.
Os cavalheiros vieram um a um, e o murmúrio e o barulho adquiriram um tom mais grave.
— É seu último jantar, não é? Há outro antes de quinta-feira?
— Não. Acho que depois desta noite vamos descansar, o que estou certa de que não faço há semanas; ao menos, aquele tipo de descanso em que as mãos não têm mais nada a fazer, e todos os arranjos estão prontos para um acontecimento que deve ocupar a cabeça e o coração de alguém. Ficarei feliz em ter tempo para pensar, e tenho certeza de que Edith ficará.
— Não tenho tanta certeza sobre ela; mas posso imaginar que você vai. Sempre que a vejo ultimamente, foi levada por um furacão criado por outra pessoa.
— Sim — disse Margaret, de um modo um tanto triste, recordando a comoção sem fim sobre coisas insignificantes que vinha acontecendo por mais de um mês. — Imagino se um casamento deva ser sempre precedido pelo que você chama de furacão, ou se em alguns casos não possa em vez disso ser um tempo calmo e tranquilo bem antes dele.
— A madrinha de Cinderela encomendando o enxoval, o café da manhã de casamento, escrevendo convites, por exemplo — disse o sr. Lennox, rindo.
— Mas esses todos são problemas um tanto necessários? — perguntou Margaret, olhando diretamente para ele para uma resposta.
Uma sensação de cansaço indescritível com todos os arranjos para um belo efeito, com os quais Edith estivera ocupada como autoridade suprema pelas últimas seis semanas, a oprimia apenas agora; e ela realmente queria alguém para ajudá-la com algumas ideias agradáveis e sossegadas relacionadas a um casamento.
— Ah, é claro — respondeu ele, com uma mudança na gravidade do tom. — Há formulários e cerimônias para atravessar, não tanto para satisfazer a si mesmo quanto para deter a boca do mundo, sem o qual haveria pouca satisfação na vida. Mas como teria arranjado um casamento?
— Ah, nunca pensei muito nisso; apenas gostaria que fosse uma bela manhã de verão; e gostaria de andar até a igreja pelas sombras das árvores; e não ter muitas damas de honra, e não fazer o café da manhã de casamento. Ouso dizer que estou me decidindo contra as coisas que me deram mais trabalho agora.
— Não, não acho que esteja. A ideia de simplicidade majestosa harmoniza bem com sua personalidade.
Margaret não gostou muito daquela conversa; esquivou-se mais dela, por se recordar de ocasiões anteriores em que ele tentou levá-la a uma discussão (na qual ele tomou a parte elogiosa) sobre sua própria personalidade e maneiras de seguir. Cortou a conversa ao dizer:
— É natural para mim pensar na igreja de Helstone e no caminho até ela, em vez de dirigir para uma igreja de Londres no meio de uma rua pavimentada.
— Fale-me sobre Helstone. Nunca a descreveu para mim. Gostaria de ter alguma ideia do lugar em que vai viver quando o número noventa e seis da rua Harley estiver parecendo sombrio e sujo, e obscuro, e fechado. Helstone é uma vila ou uma cidade, em primeiro lugar?
— Ah, só uma aldeia; não acho que poderia chamá-la de vila. Tem uma igreja e algumas casas perto do parque, casinhas, na verdade, com rosas crescendo em todo lugar.
— E dando flores o ano inteiro, especialmente no Natal; deixe sua imagem completa — disse ele.
— Não — disse Margaret, um tanto irritada. — Não estou criando uma imagem. Estou tentando descrever Helstone como é realmente. Não deveria ter dito isso.
— Eu me arrependo — respondeu ele. — Só pareceu uma vila em uma lenda, em vez de na vida real.
— E assim ela é — respondeu Margaret, ardentemente. — Todos os outros lugares que vi na Inglaterra parecem duros e de aparência prosaica depois de New Forest. Helstone é como uma vila em um poema… em um dos poemas de Tennyson. Mas não vou tentar mais descrevê-la. Apenas riria de mim se lhe dissesse o que acho dela… como ela realmente é.
— Na verdade, não riria. Mas vejo que está muito decidida. Bem, então me diga o que eu gostaria ainda mais de saber: como o presbitério é.
— Ah, não posso descrever meu lar. É meu lar, e não posso transmitir seu charme em palavras.
— Eu me rendo. Está um tanto severa esta noite, Margaret.
— Como? — disse ela, virando os grandes olhos suaves diretamente para ele. — Não sabia que estava.
— Ora, por eu ter feito uma observação azarada, não me diz como é Helstone, nem conta nada sobre seu lar, embora eu tenha lhe dito o quanto gostaria de saber de ambos, especialmente o último.
— Mas, de fato, não posso lhe dizer nada sobre meu próprio lar. Não acho que é algo sobre o que falar, a não ser que o conheça.
— Bem, então — (pausando por um momento) —, diga o que faz lá. Aqui você lê, ou tem aulas, ou melhora a mente de outra maneira, até o meio do dia; faz uma caminhada antes do almoço, sai para um passeio com a tia depois e tem algum tipo de compromisso à noite. Pronto, agora preencha seu dia em Helstone. Anda a cavalo, de carruagem ou caminha?
— Caminho, decididamente. Não temos cavalo, nem mesmo para o papai. Ele anda até a extremidade da paróquia. As caminhadas são tão belas, seria uma vergonha conduzir… quase uma vergonha andar a cavalo.
— Dedica-se muito à jardinagem? Isso, creio, é um emprego apropriado para jovens damas no campo.
— Não sei. Creio que não vou gostar de um trabalho tão duro.
— Encontros para praticar arco e flecha, piqueniques, bailes de corrida, bailes de caçada?
— Ah, não! — disse ela, rindo. — A moradia de papai é muito pequena; e, mesmo se estivéssemos perto de tais coisas, duvido que as frequentaria.
— Entendi, não vai me contar nada. Só me diz que não vai fazer isso ou aquilo. Antes que as férias terminem, acho que vou lhe fazer uma visita e ver ao que realmente se dedica.
— Espero que vá. Aí verá por si mesmo como Helstone é bela. Agora, preciso ir. Edith está sentando-se para tocar, e sei só o bastante de música para virar as páginas para ela; e, além disso, tia Shaw não gosta que conversemos.
Edith tocou brilhantemente. No meio da música a porta foi semiaberta, e Edith viu o capitão Lennox hesitando se deveria entrar. Ela jogou a partitura no chão e correu para fora do cômodo, deixando Margaret confusa e de rosto vermelho para explicar aos convidados espantados que visão havia se mostrado para causar a fuga súbita de Edith. O capitão Lennox havia chegado antes do esperado; ou era realmente tão tarde? Eles olharam para os relógios, ficaram devidamente espantados e se despediram.
Edith voltou, brilhando de prazer, de modo meio tímido, meio orgulhoso, trazendo pela mão o belo e alto capitão. O irmão apertou a mão dele e a sra. Shaw o recebeu em sua maneira gentil e bondosa, que sempre teve algo de queixoso, vindo do velho hábito de se considerar uma vítima de um casamento incompatível. Agora que, com o general morto, ela tinha todas as coisas boas da vida com o mínimo possível de inconvenientes, tinha ficado um tanto perplexa em encontrar uma ansiedade, se não uma tristeza. No entanto, ultimamente tinha se decidido por sua saúde como fonte de apreensão; tinha uma pequena tosse nervosa sempre que pensava nisso; e algum médico amável havia receitado exatamente o que ela desejava: um inverno na Itália. A sra. Shaw tinha desejos tão fortes quanto a maioria das pessoas, mas nunca gostava de fazer nada abertamente por sua própria vontade e seu prazer; preferia ser compelida a se gratificar pela ordem ou desejo de alguma outra pessoa. Ela realmente se persuadia de que se submetia a alguma necessidade externa; e assim era capaz de gemer e reclamar de seu jeito suave, durante todo o tempo em que na verdade fazia exatamente o que queria.
Foi dessa maneira que começou a falar da própria viagem ao capitão Lennox, que concordou, como se por dever, com tudo o que a futura sogra dizia, enquanto os olhos buscavam Edith, que se ocupava arrumando de novo a mesa de chá e pedindo todo tipo de coisas boas, apesar de ele ter assegurado que havia jantado menos de duas horas antes.
O sr. Henry Lennox ficou de pé contra a lareira, divertido com a cena familiar. Estava perto do belo irmão; era o feioso de uma família de boa aparência singular; mas seu rosto era inteligente, interessado e versátil; e de vez em quando Margaret se perguntava no que ele poderia estar pensando enquanto ficava em silêncio, mas evidentemente observava com um interesse levemente sarcástico tudo o que ela e Edith faziam. O sentimento sarcástico era despertado pela conversa da sra. Shaw com o irmão dele; era separado do interesse empolgado com o que via. Ele achou que era uma bela visão as duas primas tão ocupadas em sua arrumação da mesa. Edith escolheu fazer a maioria das coisas sozinha. Ela estava disposta a mostrar a seu amor como poderia se comportar bem como uma esposa de soldado. Descobriu que a água no samovar estava fria e pediu a chaleira grande da cozinha; a única consequência foi que, quando a foi pegar na porta e tentou carregá-la para dentro, era pesada demais, e ela voltou emburrada, com uma marca preta no vestido de musselina e uma mãozinha branca e redonda marcada pela alça, que ela foi mostrar ao capitão Lennox, como uma criança machucada, e, é claro, o remédio era o mesmo em ambos os casos. A lamparina de álcool rapidamente ajustada de Margaret era o dispositivo mais eficaz, embora não tão parecido com o acampamento cigano que Edith, em um de seus humores, escolhera considerar a coisa mais parecida com uma vida no quartel.
Depois daquela noite, tudo era azáfama até que o casamento tivesse acabado.

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