























"Na primeira vez em que fazemos algo que nossos maridos não sabem, nos sentimos culpadas"
Em "Abril Encantado", Elizabeth Von Arnim dá voz a quatro mulheres distintas que, cansadas de suas vidas cotidianas, resolvem viajar juntas para a Riviera Italiana durante o mês de abril, na primavera. Chegando lá no meio de um temporal, elas quase acreditam que fizeram o pior negócio de suas vidas, mas o amanhecer trará, além do sol e a beleza estonteante da primavera, o início de uma jornada de profundas transformações e de reconexão com a vida. Agora, se a mesma transformação puder ser realizada em seus maridos e amantes, então o encantamento estará completo.
“Foi uma leitura pela qual me apaixonei. Me emocionou inúmeras vezes ao longo da narrativa.” Camila – @darkbookslibrary
Ficha técnica
Dados | Informações |
Nome do Autor |
Elizabeth Von Arnim |
Tradutor |
Rachel Agavino |
ISBN | 978-65-88218-19-8 |
Páginas | 320 |
Formato | 15,5x23 cm |
Capa | Capa dura |
Miolo | Papel pólen soft 80g |
Edição | 1ª |
Conteúdo | Indicado para adultos |
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Tudo certo com a compra, o livro veio bem embalado e dentro do prazo.
Ainda não li, mas achei a edição muito bonita.
Esperava mais. A expectativa era alta. Estou no início da leitura. Chamou minha atenção pelo título, mas ainda não me encantou. Material é bom, a fonte é ótima. Bom espaçamento e respiros.
Encerro o mês de Abril com a leitura deste livro que é tão encantador quanto o título.
Em "Abril Encantado" conheci quatro mulheres, que cansadas da rotina, resolvem alugar um castelo na Riviera Italiana pra passar o mês todo de Abril. E pasmem, elas nem se conheciam antes dessa viagem !
Tudo começa com Lotty e Rose, que se deparam com um anúncio sobre o castelo no jornal e ficam tentadas a gastar suas economias pra fugir da tristeza e solidão de seus lares. Porém o aluguel é muito alto e pra resolver essa questão, elas colocam um anúncio no jornal procurando mulheres que se interessam em fazer essa viagem com elas e dividir os gastos.
A primeira a responder o anúncio é a Sra. Fisher, uma idosa azeda e pomposa. A segunda é Lady Caroline, uma jovem da alta sociedade que não aguenta mais ser rodeada por tanta gente paparicando-a.
No início, a convivência entre essas mulheres não é lá muito fácil, porém San Salvatore é tão magnifico com suas belas vistas e flores desabrochando, que é impossível não ser envolvida por tamanha beleza. É como estar no paraíso.
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Eu adorei acompanhar a jornada dessas quatro mulheres e ver todas as transformações pelas quais passaram.
Elas eram tristes, solitárias e viviam a fazer sempre do mesmo dia após dia. Foi só chegar nesse castelo medieval mágico que a mudança começou a acontecer. Elas finalmente pararam pra refletir e se questionar: "o que estou fazendo com minha vida ?"
Seria muito bom ir pra um lugar assim né? Que transforma nossas vidas e que traz tamanha felicidade.
Bom, acho que não é o lugar que faz essa mágica e sim nós mesmos. Você não precisa estar em um castelo na Itália (o que não seria ruim) pra encontrar a felicidade ou sair da rotina.
Basta mudar a forma como você enxerga a vida, exatamente como essas mulheres fizeram.
O anúncio de aluguel de um castelo medieval na Riviera Italiana reúne, em Londres, 4 mulheres que, de outra forma, talvez nunca tivessem se visto: Lotty, uma mulher animada para fazer a viagem e deixar para trás o marido; Rose, uma mulher religiosa que sofre com a indiferença do marido para com ela; Sra. Fisher, uma senhora presa ao passado, viúva e agarrada a julgamentos conservadores; e Lady Caroline, uma solteirona que foge do amor tal qual o Diabo da cruz. Juntas, as 4 deixam suas vidas para trás para passar um mês no tal castelo, longe de tudo aquilo que as sufoca e as prende. E aquela que no início parece ser uma convivência maçante acaba se tornando uma experiência maravilhosa. Uma história de transformação e amadurecimento. Destaque para a edição caprichada. A capa é linda! É um livro muito bom e preciso contar que até ter essa percepção da história estive a ponto de abandoná-la pela metade algumas vezes. O início foi muito bom, porém a narrativa dos primeiros dias no castelo não me convenceu muito. Estou feliz por ter dado uma chance e ter continuado a história, que aqueceu meu coração. 🧡
Desculpem o trocadilho, mas fiquei totalmente encantada com a história! Percebemos desde o começo que por mais que as quatro personagens sejam muito diferentes entre si, todas possuem um único desejo dentro do coração: se conhecerem e saber onde foi que se perderam ao longo da vida. O livro deixa o coração quentinho durante toda a leitura e nem é preciso ressalta o quanto essa edição está maravilhosa!
Começou em um Clube de Senhoras em Londres, numa tarde de fevereiro — um clube desconfortável e uma tarde infeliz —, quando a Sra. Wilkins, que viera de Hampstead para fazer compras e fora almoçar em seu clube, pegou o Times da mesa na sala de fumantes e, passando o olhar desinteressado pela seção de Cartas dos Leitores, viu o seguinte:
Para Quem Gosta de Glicínias e Sol. Pequeno castelo medieval italiano às margens do Mediterrâneo, mobiliado, vago para o mês de abril. A criadagem necessária permanecerá.
Z, Caixa-postal 1.000, The Times.
Foi ali que começou; no entanto, como em muitos outros casos, não era possível saber disso na hora.
A Sra. Wilkins não tinha a menor ideia de que ali, naquele exato momento, seu mês de abril daquele ano havia sido definido, e largou o jornal com um gesto irritado e resignado, foi até a janela e olhou com melancolia para a rua encharcada.
Não eram para ela os castelos medievais, nem mesmo aqueles especificamente descritos como pequenos. Não eram para ela as margens do Mediterrâneo em abril, as glicínias e o sol. Esses prazeres eram apenas para os ricos. No entanto, o anúncio tinha sido dirigido a pessoas que gostam dessas coisas, então, de alguma forma, também se dirigia a ela, pois certamente as apreciava; mais do que qualquer um sabia, mais do que alguma vez admitira. Mas ela era pobre. A única coisa que possuía de sua no mundo eram apenas noventa libras, economizadas ano a ano, libra por libra, cuidadosamente retiradas do seu orçamento para vestuário. Ela havia juntado essa quantia por sugestão do marido, como garantia para os dias de tempestade. Seu orçamento para vestuário, dado pelo pai, era de 100 libras por ano, então as roupas da Sra. Wilkins eram o que seu marido, que a incentivava a economizar, chamava de modestas e apropriadas, e a figura dela, para eles, quando ao menos falavam dela, o que quase nunca ocorria por ela ser bastante irrisória, era perfeita.
O Sr. Wilkins, um advogado, incentivava a economia, exceto a ramificação dela que se intrometia na sua comida. A isso, não chamava de economia, mas de péssima administração doméstica. Mas para a economia que, como uma traça, penetrava nas roupas da Sra. Wilkins e as arruinava, ele era só elogios.
— Nunca se sabe quando a tempestade virá — dizia ele —, e você vai ficar muito contente ao se ver com um pé-de-meia. Na verdade, nós dois ficaremos.
Olhando pela janela do clube para a Shaftesbury Avenue — seu clube era econômico, mas conveniente para Hampstead, onde ela morava, e para Shoolbred’s, onde fazia compras —, a Sra. Wilkins, quedando-se ali por algum tempo muito melancólica, com a mente repleta de visões do Mediterrâneo em abril, das glicínias e das oportunidades invejáveis dos ricos, enquanto seus olhos de fato observavam a chuva escura e horrenda que caía constante nos guarda-chuvas apressados e espirrava nos ônibus, de repente se pôs a imaginar se aquela não seria a tempestade para a qual Mellersh — Mellersh era o Sr. Wilkins — tanto a incentivara a se preparar, e se sair daquele clima rumo ao pequeno castelo medieval não seria o que a Providência tinha planejado o tempo todo que ela fizesse com suas economias. Parte de suas economias, é claro; talvez até uma bem pequena. O castelo, por ser medieval, também podia estar em ruínas, e as ruínas sem dúvida eram baratas. Ela não se importaria nem um pouco com isso, porque não se pagava por ruínas que já existiam, pelo contrário — ao reduzir o preço a pagar, na verdade eram as ruínas que pagavam para você. Mas que absurdo pensar nisso...
Ela se afastou da janela com o mesmo gesto de irritação e resignação com que largara o Times, atravessou a sala rumo à porta com a intenção de pegar sua capa e seu guarda-chuva, abrir caminho dentro de um dos ônibus superlotados e ir à Shoolbred’s a caminho de casa para comprar algumas solhas para o jantar de Mellersh — ele não era de comer peixe e gostava apenas do tipo linguado, exceto salmão —, quando viu a Sra. Arbuthnot, uma mulher que ela conhecia de vista e também morava em Hampstead e pertencia ao clube, sentada à mesa no meio da sala onde ficavam os jornais e as revistas, absorta, por sua vez, na primeira página do Times.
A Sra. Wilkins nunca havia conversado com a Sra. Arbuthnot, que pertencia a um dos vários grupos da igreja e analisava, classificava, dividia e registrava os pobres, enquanto ela e Mellersh, quando saíam, iam às festas de pintores impressionistas, que eram muitos em Hampstead. Mellersh tinha uma irmã que se casara com um deles e morava no Heath e, por causa dessa ligação, a Sra. Wilkins foi arrastada para um círculo que não lhe era nem um pouco natural e aprendeu a temer quadros. Tinha que comentar alguma coisa sobre eles, mas não sabia o que dizer. Costumava murmurar “maravilhoso” e sentir que não era suficiente. Mas ninguém se importava. Ninguém ouvia. Ninguém nem sequer notava a Sra. Wilkins. Ela era o tipo de pessoa que não é notada nos eventos. Suas roupas, afligidas pela poupança, a deixavam praticamente invisível; seu rosto não era arrebatador; sua conversa era reticente; ela era tímida. E se as roupas, o rosto e a conversa de alguém são insignificantes, pensou a Sra. Wilkins, reconhecendo suas limitações, o que restava nas festas para essa pessoa?
Além disso, ela estava sempre com Wilkins, aquele homem barbeado e de boa aparência, que, só por comparecer a uma festa, já conferia a ela ótimos ares. Wilkins era muito respeitável. Era conhecido por ser tido em alta conta por seus sócios seniores. O círculo de sua irmã o admirava. Ele dava pareceres adequadamente inteligentes sobre arte e artistas. Era incisivo; era prudente; nunca dizia uma palavra a mais nem a menos que o suficiente. Ele dava a impressão de manter uma cópia de tudo o que dizia e era tão obviamente confiável que com frequência acontecia de as pessoas que o conheciam nessas festas ficarem insatisfeitas com os próprios advogados e, depois de um período de inquietação, se livrarem deles e procurarem Wilkins.
Naturalmente, a Sra. Wilkins era ofuscada.
— Ela — dizia a irmã dele, com um quê de crítica, compreensão e conclusão em seu tom — devia ficar em casa.
Mas Wilkins não podia deixar a esposa em casa. Ele era advogado de família, e todos eles têm esposas e as exibem. Durante a semana, ia com ela a festas e, aos domingos, à igreja. Sendo ainda relativamente jovem — tinha trinta e nove anos — e interessado em velhinhas, das quais ainda não havia muitas em seu escritório, não podia se dar ao luxo de não ir à igreja, e era de lá que a Sra. Wilkins conhecia a Sra. Arbuthnot, embora nunca tivessem se falado.
Ela a via organizar os filhos dos pobres em bancos. Entrava à frente da procissão da Escola Dominical, exatamente cinco minutos antes do coral, colocava seus meninos e meninas impecavelmente sentados em seus devidos lugares, depois apoiados em seus joelhinhos em sua oração preliminar e por fim de pé outra vez quando, ao som do órgão, a porta da sacristia se abria, e o coral e o sacerdote, carregados com as litanias e os mandamentos que deveriam pregar, de lá emergiam. Ela exibia uma expressão triste, embora fosse claramente eficiente. A combinação costumava deixar a Sra. Wilkins reflexiva, pois, nos dias que ela só conseguia comprar linguado, Mellersh lhe dizia que, se uma pessoa fosse eficiente, não ficaria deprimida, e quem faz bem o seu trabalho se torna automaticamente alegre e vibrante.
Não havia nada de alegre e vibrante na Sra. Arbuthnot, embora muito do seu comportamento com as crianças da Escola Dominical fosse automático; mas, quando a Sra. Wilkins, virando-se da janela, a viu no clube, não havia nada de automático nela; em vez disso, olhava fixamente para um trecho da primeira página do Times, segurando o jornal, imóvel, os olhos parados. Ela estava apenas olhando; e seu rosto, como sempre, era o de uma madona paciente e decepcionada.
A Sra. Wilkins a observou por um minuto, tentando criar coragem para falar com ela. Queria perguntar se tinha visto o anúncio. Não sabia por que queria perguntar isso a ela, mas queria. Que estúpido não conseguir falar com ela. A mulher parecia tão gentil. Parecia tão infeliz. Por que duas pessoas infelizes não podiam animar uma à outra, no decorrer desse negócio enfadonho que é a vida, conversando um pouco — uma conversa natural e verdadeira sobre o que sentiam, do que gostariam e que esperanças ainda tentavam nutrir? Ela não conseguia deixar de achar que a Sra. Arbuthnot também estava lendo aquele mesmo anúncio. Os olhos dela estavam bem naquela parte do jornal. Será que ela também imaginava como seria — a cor, o cheiro, a luz, o mar batendo suavemente entre as pedrinhas quentes? Cor, cheiro, luz, mar; em vez da Shaftesbury Avenue, dos ônibus molhados, da seção de peixes na Shoolbred’s, do metrô de Hampstead e do jantar, e a mesma coisa amanhã, e depois de amanhã e sempre o mesmo...
De repente, a Sra. Wilkins se viu inclinada sobre a mesa.
— A senhora está lendo sobre o castelo medieval e as glicínias? — ouviu-se perguntar.
Naturalmente, a Sra. Arbuthnot ficou surpresa; mas não tanto quanto a própria Sra. Wilkins por perguntar.
Até onde a Sra. Arbuthnot sabia, ainda não tinha visto a figura prosaica, emaciada e vagamente composta, sentada à sua frente, com seu rostinho sardento e os grandes olhos cinzentos quase desaparecendo sob um chapéu impermeável amassado, e por isso olhou para ela por um momento sem responder. Ela estava lendo sobre o castelo medieval e as glicínias, ou melhor, tinha lido sobre ele dez minutos antes e desde então se perdera em sonhos — de luz, cor, cheiro, o mar batendo suavemente nas pedrinhas quentes...
— Por que a pergunta? — disse com a voz grave, pois seu treinamento com os pobres a tornara grave e paciente.
A Sra. Wilkins corou e pareceu excessivamente tímida e assustada.
— Ah, só porque eu também vi e pensei que talvez... de alguma forma... — ela gaguejou.
Por hábito, enquanto olhava pensativamente para a Sra. Wilkins, a Sra. Arbuthnot, acostumada a colocar as pessoas em listas e divisões, imediatamente considerou qual rubrica, supondo que tivesse de classificá-la, lhe seria mais adequada.
— E eu a conheço de vista — prosseguiu a Sra. Wilkins, que, como todos os tímidos, quando começava, não conseguia parar, assustando-se cada vez mais com suas palavras ao ouvir o mero som do que acabara de dizer. — Todo domingo... vejo a senhora todo domingo na igreja...
— Na igreja? — ecoou a Sra. Arbuthnot.
— E isso parece uma coisa maravilhosa... esse anúncio sobre as glicínias... e...
A Sra. Wilkins, que devia ter pelo menos trinta anos, parou e se contorceu na cadeira, com o movimento de uma colegial desajeitada e constrangida.
— Parece tão maravilhoso — prosseguiu numa espécie de explosão — e... está um dia tão horrível...
E então ela permaneceu sentada olhando para a Sra. Arbuthnot com os olhos de um cachorro preso.
Essa pobrezinha, pensou a Sra. Arbuthnot, que dedicara a vida a ajudar e acalmar, precisa de conselhos.
Por isso, ela se preparou pacientemente para dá-los.
— Se você me vê na igreja — disse ela, gentil e atenciosa —, imagino que também more em Hampstead?
— Ah, sim — disse a Sra. Wilkins. E repetiu, com a cabeça sobre o pescoço comprido e fino pendendo um pouco, como se a lembrança de Hampstead a oprimisse: — Ah, sim.
— Onde? — perguntou a Sra. Arbuthnot, que, quando era necessário aconselhamento, naturalmente começava primeiro a coletar fatos.
Mas a Sra. Wilkins, colocando a mão de maneira suave e carinhosa na parte do Times onde estava o anúncio, como se as simples palavras impressas fossem preciosas, apenas disse:
— Talvez seja por essa razão que isso parece tão maravilhoso.
— Não... acho que é maravilhoso de qualquer maneira — disse a Sra. Arbuthnot, esquecendo-se dos fatos e suspirando de leve.
— Então a senhora o estava lendo?
— Sim — respondeu a Sra. Arbuthnot, com os olhos sonhadores outra vez.
— Não seria maravilhoso? — murmurou a Sra. Wilkins.
— Maravilhoso. — O rosto da Sra. Arbuthnot, que tinha se iluminado, desvaneceu-se novamente em paciência. — Muito maravilhoso. Mas não adianta perder tempo pensando em tais coisas.
— Ah, adianta. — Foi a resposta rápida e surpreendente da Sra. Wilkins; surpreendente porque era muito incomum a todo o resto que lhe compunha: o casaco e a saia sem personalidade, o chapéu amarrotado, a mecha indecisa de cabelo solto. — Pensar nisso por si só já vale a pena... uma diferença tão grande de Hampstead... e às vezes eu acredito... eu realmente acredito... que, se alguém pensa o suficiente, consegue as coisas.
A Sra. Arbuthnot a observou pacientemente. Em que categoria a colocaria se precisasse?
— Talvez — disse ela, inclinando-se um pouco para a frente —, você me diga seu nome. Se vamos ser amigas — ela abriu seu sorriso grave —, como espero que sejamos, é melhor começarmos do começo.
— Ah, sim... que gentileza sua. Sou a Sra. Wilkins. Não espero — acrescentou, corando, pois a Sra. Arbuthnot não disse nada — que isso signifique alguma coisa para a senhora. Às vezes parece... parece não significar nada para mim também. Mas — Ela olhou em volta como se procurasse ajuda — sou a Sra. Wilkins.
Ela não gostava do nome. Era um nome pequeno e medíocre, com uma espécie de voltinha jocosa no fim, pensava, como a espiral ascendente da cauda de um cãozinho pug. No entanto, lá estava. Não havia o que fazer. Wilkins ela era e Wilkins permaneceria; e embora o marido a encorajasse a responder Sra. Mellersh-Wilkins em todas as ocasiões, ela só o fazia quando ele estava ouvindo, pois achava que Mellersh tornava Wilkins pior, enfatizando-o do mesmo modo que Chatsworth nos portões de uma vila enfatiza a vila.
Na primeira vez em que ele sugeriu que ela acrescentasse Mellersh, ela se opusera usando esse argumento e, após uma pausa — Mellersh era prudente demais para falar, exceto após uma pausa, durante a qual, provavelmente, fazia uma cuidadosa cópia mental da observação a ser feita —, disse, muito descontente, “Mas eu não sou uma vila”, e a olhou com o olhar de quem espera, talvez pela centésima vez, não ter se casado com uma idiota.
Claro que ele não era uma vila, garantiu-lhe a Sra. Wilkins; ela nunca dissera isso; não havia sequer sonhado em dizer... estava apenas pensando...
Quanto mais ela explicava, mais fervorosa se tornava a esperança de Mellersh, já tão comum à época, pois ele estava casado havia dois anos, de que, por sorte, não tivesse se casado com uma idiota; e eles tiveram uma briga longa, se é que se pode chamar de briga uma que é conduzida por um silêncio digno de um lado e sinceras desculpas do outro, sem importar se a Sra. Wilkins tivera ou não a intenção de sugerir que o Sr. Wilkins era uma vila.
Acredito, pensou ela quando a briga enfim terminou, o que levou um bom tempo, que qualquer um discutiria por qualquer coisa quando não se separam nem por um único dia durante dois anos inteiros. O que nós dois precisamos é de umas férias.
Tentando se explicar para a Sra. Arbuthnot, ela prosseguiu:
— Meu marido é advogado. Ele... — Ela procurou algo esclarecedor que pudesse dizer sobre Mellersh e encontrou: — Ele é muito bonito.
— Bem — respondeu a Sra. Arbuthnot —, isso deve ser um grande prazer para a senhora.
— Por quê? — perguntou a Sra. Wilkins.
— Porque sim — disse a Sra. Arbuthnot, um pouco surpresa, pois suas constantes interações com os pobres a acostumaram a ter seus pronunciamentos acatados sem questionamentos —, porque a beleza, a formosura, é uma dádiva como qualquer outra, e se usada adequadamente...
Ela deixou a frase inacabada. Os grandes olhos cinzentos da Sra. Wilkins estavam fixos nela, e de repente pareceu à Sra. Arbuthnot que talvez ela estivesse se acostumando ao hábito da exposição, e uma exposição como a das governantas, que tinham uma audiência que não podia discordar delas, que teria medo de interromper se quisesse, que não soubesse das coisas e que estava, de fato, sob o seu controle.
Mas a Sra. Wilkins não estava ouvindo; pois naquele momento, por mais absurdo que parecesse, uma imagem surgiu em sua mente, e havia duas figuras sentadas juntas sob uma grande glicínia que se estendia pelos galhos de uma árvore que ela não conhecia, e as figuras eram ela mesma e a Sra. Arbuthnot — ela as viu —, ela as via. E atrás delas, brilhavam ao sol as velhas paredes cinza — o castelo medieval, ela o viu —, elas estavam lá...
Por isso, ela olhava para a Sra. Arbuthnot e não ouvia uma palavra que a mulher dizia. E a Sra. Arbuthnot também encarava a Sra. Wilkins, capturada pela expressão em seu rosto, que foi tomada pela excitação do que via e se tornava tão luminosa e trêmula quanto a água sob a luz do sol quando agitada por uma rajada de vento. Nesse momento, se estivesse em uma festa, a Sra. Wilkins teria sido observada com interesse.

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