Whistling Tor é uma colina amaldiçoada que abriga a fortaleza em ruínas de Anluan. Ao descobrir que ele precisa desesperadamente de uma escriba, Caitrin, recém-chegada na cidade, se oferece para o serviço. Para os aldeões, o chefe da fortaleza e seus moradores são bestas ferais. Para Caitrin, a esperança de deixar o luto e o medo para trás. Mas tem um porém: ninguém acredita que ela ficará lá até o final do verão – ninguém nunca fica.
Determinada a provar que é capaz de lidar com o temperamento impulsivo de Anluan e a horda de espectros que assombram a montanha, Caitrin logo se vê envolvida em uma intrincada teia de feitiçaria, espelhos mágicos e assassinatos. Para quebrar a maldição, ela precisa descobrir quem é o verdadeiro monstro da fortaleza antes das rosas desabrocharem, ou perderá o homem que ama... para sempre.
Da mesma autora de A Dança da Floresta, A Montanha das Feras foi finalista do Aurealis Awards e finalista do Sir Julius Vogel Awards (2010) e apresenta uma escrita voltada para o público adulto.
A campanha teve início no dia 25 de janeiro e será encerrada no dia 24 de fevereiro. O livro será impresso em capa dura, com mais de 500 páginas, em papel Pólen, e capa ilustrada pela artista Janaína Medeiros, com tradução de Julia Romeu e projeto gráfico de Marina Avila. Os brindes incluem um marcador em formato da personagem, adesivo e folder com entrevista exclusiva com a autora.
A Editora Wish usa o financiamento coletivo desde 2016, com quase 30 projetos lançados de forma bem sucedida. Entre eles Os Melhores Contos de Fadas Asiáticos, que arrecadou mais de R$550 mil reais em campanha.
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]]>São tantos filmes incríveis que fica até difícil escolher. Qual filme você ainda colocaria na lista?
]]>Mary Louisa Molesworth, mais conhecida como Mrs. Molesworth, ou Sra. Molesworth, foi uma das escritoras de histórias infantis de maior sucesso do final do século XIX e início do século XX, mas suas obras e sua vida são pouco conhecidas para o leitor de hoje.
Mary Louisa Stewart nasceu em 29 de maio de 1839, em Rotterdam, na Holanda, mas sua família deixou a Europa continental e retornou à Inglaterra antes de seu segundo aniversário. Segundo Roger Lancelyn Green, biógrafo britânico e escritor infantil, Mary Louisa teve um acesso incomum à educação para uma menina naquela época. A jovem não apenas frequentou um internato na Suíça, como também recebeu aulas particulares do reverendo William Gaskell, marido de Elizabeth Gaskell. Green até sugere a possibilidade de Mary Louisa ter recebido algumas aulas da própria Gaskell. Não seria difícil acreditar que sua educação e suas aulas ajudaram a formar a base de sua carreira como escritora.
Como muitas autoras de sua época, estreou no mercado editorial sob o pseudônimo Ennis Graham. Mary Louisa passou a assinar com Molesworth após se casar e foi com esse sobrenome que se tornou mais conhecida. No começo de sua carreira como escritora, Mary Louisa tinha pretensão de escrever para adultos, mas encontrou sucesso e popularidade na literatura jovem. E é impossível falar de Molesworth sem mencionar sua contribuição para a consolidação do gênero infanto-juvenil. Ao longo de sua carreira, Mary Louisa Molesworth escreveu mais de cem histórias, entre contos, ensaios, contos de fadas e romances. Entre seus trabalhos mais famosos estão Just a Little Boy (1876) e The Cuckoo Clock (1877).
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Molesworth foi aclamada desde o início de sua carreira. Os elogios que recebeu dos críticos de sua época sem dúvida contribuíram para a sua popularidade e aumentaram sua reputação como escritora de histórias para jovens. Sua carreira como autora para crianças se estendeu da era eduardiana até a vitoriana.
Molesworth fazia parte de uma nova geração de escritores que escreveram durante a era do realismo literário, um movimento que se afastou das formas românticas e idealizadas de literatura e, em vez disso, promoveu personagens e cenários mais realistas. As histórias de Molesworth capturam o mundo pelos olhos das crianças, apresentando personagens, situações e contextos capazes de ressoar em jovens leitores.
Durante o século XIX o próprio conceito de infância estava passando por transformações. Em consequência da exposição das crianças das gerações anteriores às dificuldades e responsabilidades da vida adulta, criou-se a expectativa de que a vida infantil deveria existir em uma realidade de inocência e dependência. No final da era vitoriana, a esfera da infância começou a ser vista pela classe média como separada do mundo dos adultos.
De acordo com Yoko Takami, autora de Mary Louisa Molesworth and Victorian Children's Fiction, essa visão moderna em relação à infância começou a se mostrar claramente na literatura produzida para crianças na época, incluindo o trabalho da própria Molesworth. Em um período em que a literatura para o público jovem se consolidava como um gênero, Molesworth contribuiu para que seus contemporâneos o reconhecessem e mostrassem mais interesse no nicho.
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Além de lidar com o escrutínio de ser uma mulher com uma carreira nas artes, Molesworth advogou pela valorização da literatura infanto-juvenil e o reconhecimento de seus autores. Ela criticou duramente as noções hierárquicas do valor literário, que colocavam a literatura voltada para o público jovem como inferior àquela voltada para adultos.
Edward Salmon, crítico do periódico The Nineteenth Century, afirmou na época que a Sra. Molesworth era a melhor contadora de histórias para crianças que a Inglaterra já conheceu. Ainda segundo o autor, "ela é um guia quase infalível para as excentricidades da natureza infantil e analisa o funcionamento do cérebro de uma criança de uma maneira que explica dúvidas que a própria criança é incapaz ou tem medo de tentar. A importância disso não pode ser exagerada".
As obras de Mary Louisa Molesworth abrem uma janela para que possamos espiar a literatura do passado e termos um vislumbre das histórias contadas para as crianças de uma época não tão distante assim.
A história de Molesworth é mais uma entre muitas outras que mostra quantas mulheres incríveis contribuíram para a literatura e foram quase esquecidas. Mary Louisa Molesworth esteve presente nas bibliotecas de nossos antepassados e, agora, retorna para encantar novos leitores.
Publicado em 1895, A Princesa Coração de Gelo é um conto de fadas natalino e está disponível com exclusividade no mês de dezembro para os assinantes da Sociedade das Relíquias Literárias. Conheça o clube aqui.
]]>Adriana Tschernev, Vice-presidente e Diretora Administrativa da Confraria dos Miados e Latidos, conversou um pouco com a Wish sobre o trabalho da ONG durante a última ação solidária. Acesse a entrevista completa.
A Wish preparou um bazar para ajudar a esgotar o estoque de ecobags, caderninhos e itens excedentes das campanhas de financiamento coletivo que não terão reposição. Os valores variam de R$5,90 até R$25,90! O bazar é uma oportunidade para que os leitores possam completar sua coleção Wish com itens raros, que não terão reposição, aproveitar descontos exclusivos e ainda participar de uma ação solidária.
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]]>Sem dúvidas uma das adaptações mais queridas pelos leitores, Orgulho e Preconceito, de Jane Austen, narra a história de amor de Elizabeth Bennet e Sr. Darcy, e os conflitos de um dos romances mais famosos do mundo.
A adaptação de uma das obras mais famosas de Elizabeth Gaskell conta a história de Margaret Hale, uma mulher de classe média do sul rural da Inglaterra que se muda para o norte industrial, onde encontra o amor em um lugar improvável. Caso queira saber mais sobre a história original, confira o livro de Norte e Sul aqui.
Middlemarch é considerado como uma das maiores obras da literatura inglesa de todos os tempos. A adaptação do romance de George Eliot narra a vida provinciana em meio às mudanças causadas pela Revolução Industrial.
Em um dos maiores clássicos da literatura inglesa, escrito por Charlotte Brontë. Depois de se tornar governanta de Thornfield Hall, a jovem Jane logo vê sua vida mudar com um relacionamento turbulento frente a um mundo que não espera ambições vindas de uma mulher.
Na adaptação desta obra clássica de Charles Dickens, Amy Dorrit passa os dias trabalhando para sustentar sua família, mas o retorno repentino do filho de seu chefe muda toda a sua visão da vida.
A adaptação de uma das obras mais famosas de Charles Dickens narra a jornada de Lucie Manette e Charles Darnay, que se apaixonam em meio aos dias turbulentos da Revolução Francesa.
Mais uma adaptação das obras de Jane Austen! Em Emma, acompanhamos uma jovem rica do século XIX, cuja confiança equivocada em suas habilidades de casamenteira ocasiona várias desventuras românticas.
Já assistiu alguma dessas adaptações? Qual sua favorita?
]]>A escrita se mostrou uma paixão desde muito cedo. Quando criança, tinha uma rica imaginação e suas histórias serviam de inspiração para peças que ela e suas irmãs encenavam para amigos. Segundo a própria Louisa, nesses casos, preferia interpretar os papéis mais sombrios, como vilões, fantasmas e rainhas desdenhosas. Aos oito anos, começou a escrever poesia e logo seguiu para os contos.
Frente à pobreza que assombrava sua família, Louisa começou a se preocupar com formas de fazer o dinheiro entrar na casa já aos 15 anos de idade. Chegou a trabalhar como professora, costureira, governanta e empregada doméstica, até mergulhar na carreira de escritora.
Louisa trabalhou até mesmo como enfermeira durante a Guerra Civil Americana, período em que contraiu febre tifóide. Sua experiência no hospital como paciente e enfermeira futuramente serviria de inspiração para o romance Hospital Sketches, de 1863. Com apenas 22 anos, publicou seu primeiro livro, Flower Fables, de 1854.
Pouco mais de uma década depois, publicou o que se tornaria seu trabalho mais famoso e uma das histórias mais conhecidas da literatura do século XIX. Foi em 1868, quando tinha 35 anos, seu editor, Thomas Niles, pediu que escrevesse o que chamou de “uma história para meninas”. Em apenas três meses, Louisa May Alcott rascunhou a primeira versão de Mulherzinhas, livro que imortalizaria seu nome na literatura mundial.
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Mulherzinhas é baseado na história de Louisa e suas irmãs, com muitas das experiências domésticas inspiradas em eventos que realmente aconteceram em Orchard House. A casa, inclusive, é aberta à visitação, recebendo entusiastas que procuram ver um pouco de como foi a vida da família Alcott no lugar em que viveram, e também conferir as inspirações para um dos mais famosos romances da literatura.
O livro se tornou um sucesso estrondoso desde o lançamento. Muitos leitores se identificaram principalmente com a protagonista Jo March. Segundo o site dedicado às visitações em Orchard House, a protagonista de Mulherzinhas “agia a partir de sua própria individualidade - uma pessoa imperfeita e de pensamento livre, diferente do estereótipo idealizado de perfeição feminina até então predominante na ficção infantil”.
Louisa May Alcott nunca se casou nem teve filhos, porém adotou sua sobrinha depois da morte da irmã. Louisa sofreu com crises relacionadas à saúde ao longo de sua vida. Ela atribuiu sua condição debilitada ao envenenamento por mercúrio, que acreditava ter contraído enquanto trabalhava como enfermeira durante a Guerra Civil. A autora morreu em março de 1888, apenas dois dias depois do falecimento de seu pai.
Louisa May Alcott deixou um legado de mais de 30 livros e coletâneas de contos e poemas publicados ao longo de sua vida. Seus livros voltados para públicos mais jovens continuaram bastante populares. A redescoberta de algumas de suas obras menos conhecidas no final do século XX, têm despertado um interesse cada vez maior na ficção adulta que Louisa escreveu.
A Confissão de Agatha, conto publicado em 1857, mostra um lado mais sombrio e eletrizante da autora que conquistou o mundo com Mulherzinhas, e agora chega com exclusividade para os assinantes da Sociedade das Relíquias Literárias. Baixe o conto ainda hoje!
]]>A Era Vitoriana, período no qual a Rainha Vitória reinou sobre a Inglaterra, foi marcada por avanços tecnológicos e transformações sociais, econômicas e culturais. Se por um lado o Império Britânico vivia uma era de ouro, por outro as contradições internas denunciavam uma sociedade cada vez mais desigual, extremamente afetada pelos desdobramentos da Revolução Industrial.
A industrialização e a busca por progresso rápido resultaram em uma polarização ainda maior da sociedade. As condições de trabalho e as relações entre trabalhadores e empregadores tornaram-se o enredo dos famosos romances industriais, especialmente durante a Era Vitoriana, quando a leitura de romances se tornou mais popular, principalmente entre a classe média.
O romance industrial é um subgênero do romance vitoriano também conhecido como “romance de problema social” ou “romance de condição” da Inglaterra, sempre tratando principalmente da vida das classes trabalhadora e média, das mudanças no sistema educativo, o industrialismo, o desemprego, as histórias de amor entre pessoas de classes sociais diferentes e muitas outras questões relativas à Revolução Industrial.
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De acordo com Mehmet Akif Balkaya, em The Industrial Novels: Charlotte Brontë’s Shirley, Charles Dickens’ Hard Times and Elizabeth Gaskell’s North and South, os autores do período narravam a situação dos trabalhadores e as suas duras condições de trabalho e de vida, numa tentativa de fazer a classe média simpatizar com a situação precária dessa parcela da sociedade.
Autores como Charlotte Brontë, Elizabeth Gaskell e Charles Dickens, em seus romances industriais, criticaram a exploração dos trabalhadores das fábricas, a repressão das mulheres por um sistema patriarcal e a condição dos trabalhadores na Inglaterra.
James Richard Simmons, autor de Romances industriais e de “Condição da Inglaterra”, reforça a ideia de que, à medida que o apetite por conhecimento sobre a condição da Inglaterra foi aguçado, os romancistas encontraram um público interessado em aprender mais sobre a situação das classes trabalhadoras, e o romance tornou-se um veículo para ensinar às classes média e alta sobre a “real” condição da Inglaterra.
Não é difícil entender por que esse gênero encontrou espaço visto que, durante o século XIX, até 38% da população trabalhadora do país estava empregada em fábricas. Ainda segundo Simmons, o romance de condição da Inglaterra desempenhou um papel importante no desenvolvimento da literatura e, de maneira mais geral, na política e cultura vitorianas.
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Para Andressa de Oliveira Nascimento, autora de Análise do romance industrial Norte e Sul, de Elizabeth Gaskell, e as representações da industrialização e seus desdobramentos, o romance social abre possibilidade para se narrar uma história das classes mais baixas e das consequências da Revolução Industrial sobre essa classe. Mesmo que os personagens dessas histórias não tenham existido, eles eram símbolos do período em que os autores escreveram e ilustravam ideologias que representavam as regiões geográficas nas quais viviam.
Um dos principais exemplos de romances industriais do período é Norte e Sul, escrito por Elizabeth Gaskell. Na narrativa, conhecemos Margaret Hale e John Thornton. Ela, uma jovem aristocrática arrancada de seu lar pastoril; ele, um rígido proprietário de fábrica. A cidade industrial é representada pelo contraste entre a riqueza e a pobreza, a ostentação e a degradação, o sul e o norte. Unindo crítica social e romance, Elizabeth Gaskell nos envolve com sua prosa cheia de duras confissões de amor e os efeitos da Revolução Industrial no período vitoriano.
Os romances do século XIX constituem importantes referências para compreender os confrontos entre o progresso técnico e a desigualdade social da época. Norte e Sul, de Elizabeth Gaskell, é um dos mais importantes exemplos da literatura do período e segue como um favorito dos leitores do gênero. Conheça Norte e Sul!
]]>Com a Coleção Corações Clássicos a Editora Wish segue seu compromisso de resgatar livros que conquistaram gerações de leitores ao longo das décadas, dessa vez ao lado de criadores de conteúdo com propriedade sobre os gêneros sobre os quais falam. Segundo Marina Avila, CEO da Editora Wish, "a ideia de uma coleção com a Paola surgiu como um projeto de curadoria, em que ela pudesse acompanhar todas as etapas de produção, desde a escolha dos profissionais, até cada fase da capa". Para uma coleção que busca publicar romances de época, Paola Aleksandra entra como um nome de referência para os leitores. "A Paola é uma parceira nossa há muitos anos e soubemos que ela faria escolhas acertadas pensando em resgatar os melhores títulos para os leitores", completa Marina.
O primeiro título da Coleção Corações Clássicos é Norte e Sul, escrito pela autora vitoriana Elizabeth Gaskell. Refletindo o contraste entre o norte industrial e o sul bucólico da Inglaterra, o livro conta a história de Margaret Hale e John Thornton. Ela, uma jovem aristocrática arrancada de seu lar pastoril; ele, um rígido empresário. Em meio aos efeitos da Revolução Industrial, Elizabeth Gaskell envolve o leitor com sua prosa cheia de duras confissões de amor e as várias questões sociais do período. "Pra mim, Norte e Sul representa bem o que é a literatura clássica escrita e protagonizada por mulheres", afirma Paola Aleksandra, curadora da Coleção.
O romance industrial, também conhecido como “romance de problema social” ou “romance de condição” da Inglaterra, foi um subgênero do romance vitoriano importante para compreender os confrontos entre o progresso técnico e a desigualdade social do século XIX. Norte e Sul, de Elizabeth Gaskell, é um dos mais importantes exemplos da literatura do período. "Gosto muito do equilíbrio entre romance e os elementos sociais postos pela autora e gosto ainda mais do que essa história representa", conta Paola.
Ainda segundo Paola, em uma época em que a mulher não poderia escrever sobre situações políticas e sociais da sociedade sem ser julgada por isso, Elizabeth Gaskell escolheu escrever sobre a Revolução Industrial, trouxe isso de forma latente na sua história, fez várias críticas ao chão de fábrica e, apesar de toda a parte política e social da trama, ainda entrega um romance que aquece os corações dos leitores. "O que mostra que histórias de amor vão sempre poder contar belas histórias sobre superação, crescimento e evolução da nossa sociedade", completa a curadora.
Fundada em 2013, a Editora Wish aposta na curadoria e resgate de livros antigos como principal norte de sua linha editorial. De contos de fadas a fantasias e suspenses vitorianos, nós o convidamos a nos acompanhar nesta viagem ao passado, afinal, enquanto clássicos criam gerações de leitores ao longo das décadas, os livros raros e inéditos mantém aceso o fogo da curiosidade sobre o que é diferente do comum, direcionando nossas lunetas para estrelas nunca antes vistas... Ou quase esquecidas.
Paola Aleksandra é administradora por formação e produtora de conteúdo literário por paixão. Além de indicar livros de romance no Livros & Fuxicos, seu refúgio literário na internet, também começou a escrever suas próprias histórias de amor em 2017. É autora dos romances de época Volte para mim, Livre para recomeçar e O Roubo. Recentemente lançou Amor às causas perdidas, seu primeiro romance contemporâneo.
Conheça Norte e Sul, o primeiro livro da Coleção Corações Clássicos e o primeiro lançamento da Editora Wish em parceria com a DarkSide Books.
]]>Margaret Oliphant nasceu e viveu até os dez anos de idade na Escócia e, apesar de ter passado o restante de sua vida em Liverpool, nunca abandonou suas raízes escocesas, o que se refletiu em diversas de suas obras. Segundo sua biografia na BBC, embora ela tenha vivido apenas por curtos períodos na Escócia, grande parte de sua escrita se passa no país ou mostra uma preocupação com temas escoceses, além de trazer, em sua escrita, fortes conexões com a tradição oral escocesa. Acredita-se que Katie Stewart, o romance histórico jacobino, seja baseado na história familiar da própria autora.
Margaret Oliphant casou-se com seu primo Frank Wilson Oliphant, e acredita-se que tenha sido um casamento feliz até conflitos familiares abalarem o lar, com o envolvimento de outros membros da família Wilson. Entretanto, em 1859, poucos anos depois, ela o perderia para a tuberculose. Sem seu marido, Oliphant se tornou a única provedora da família, com filhos pequenos e uma pilha de dívidas. Além do próprio núcleo familiar, ela ainda seria responsável por sustentar seu irmão Willie, alcoólatra, e os três filhos de seu outro irmão, Frank.
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No século XIX as mulheres ainda estavam começando a conquistar espaços e existiam poucas opções para que elas pudessem construir uma carreira. Como outras autoras da época, Margaret Oliphant vivia de sua escrita. Isso significava que ela precisava produzir e publicar em grandes quantidades para conseguir sustentar sua família. Entretanto, por mais que ela tenha se tornado uma das mais prolíficas autoras da era vitoriana, sua produtividade a colocou como alvo de críticas ferrenhas à qualidade de seu trabalho.
Essas críticas, infelizmente, eram comuns a outras autoras também. L.M. Montgomery, autora de Anne de Green Gables e de O Lado Mais Sombrio, publicado pela Wish, por exemplo, também conseguiu fazer da escrita uma carreira, mas precisou produzir muito e foi criticada.
Sobre isso, segundo a introdução sobre Margaret Oliphant no Victorian Fiction Research Guides, "ela nunca baixou seriamente os seus padrões, raramente se rendeu a escrever de acordo com uma fórmula e estava sempre pronta para cumprir uma encomenda e produzir um romance conforme exigido pelos seus editores, sempre - ou quase sempre - certificando-se de satisfazer a sua própria consciência artística".
Também existe debate a respeito de seu posicionamento a respeito da luta pelos direitos das mulheres e ao movimento feminista. Ainda segundo a introdução sobre Margaret Oliphant no Victorian Fiction Research Guides, em seus primeiros anos como autora ela não demonstrava simpatia pelo sufrágio feminino, entretanto, com o tempo, ela foi mudando de opinião. Com o passar dos anos sua mudança de posicionamento foi se tornando visível também em suas obras. Segundo sua biografia na BBC, "grande parte de seu trabalho posterior trata da injustiça enfrentada pelas mulheres e é uma crítica significativa aos valores sociais do século XIX". Kirsteen, obra publicada em 1890, se enquadraria nesta categoria.
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Segundo John Stock Clarke em Margaret Oliphant Secondary Bibliography, "a carreira de Oliphant pode ser divida em quatro fases, marcadamente diferentes na natureza do trabalho que ela estava realizando, na resposta dos críticos a esse trabalho e no contexto cultural que fornece o quadro para uma avaliação desse trabalho e a resposta a ele".
De acordo com o autor, essas quatro fases seriam: de 1849 a 1862, período de primeiros romances que, apesar da evidência do talento da autora, Oliphant ainda estaria em um processo de autodescoberta como romancista; de 1862 a 1876, período de The Chronicles of Carlingford e seus sucessores imediatos, em que sua identidade como romancista estava mais madura e ela foi sendo mais reconhecida pelos críticos; de 1876 a 1890, quando os talentos de Oliphant se aprofundaram e adquiriram uma riqueza e complexidade que poucos críticos conseguiram apreciar com sucesso consistente, embora fizessem cada vez mais referência à sua criatividade inesgotável; e de 1890 a 1899, a década em que Oliphant se viu cada vez mais fora de simpatia pelo clima cultural, embora não na opinião dos críticos e obituaristas.
Em 50 anos de carreira Margaret Oliphant escreveu mais de 100 obras de ficção, diversos contos, biografias e artigos, tornando-se uma das mais notáveis e distintas vozes do romance do século XIX. Publicado em 1897, O Caminho da Dama é uma história eletrizante sobre uma companhia fantasmagórica e, agora, chega para os assinantes da Sociedade das Relíquias Literárias.
]]>Uma viagem para a casa de amigos que prometia tranquilidade e calmaria se transforma em uma descoberta assustadora. Os cessar dos passos de uma curiosa companhia são conhecidos como o prelúdio de uma tragédia. Certo dia, em meio a uma pacífica convivência, aqueles sons misteriosos haviam parado e não podiam mais ser ouvidos.
Publicado em 1897, O Caminho da Dama é uma história eletrizante sobre uma companhia fantasmagórica, nas palavras de Margaret Oliphant, uma das mais notáveis e distintas vozes do romance do século XIX. A obra de Margaret Oliphant é uma leitura indispensável para qualquer pessoa interessada nas mulheres do século XIX, chegando a ser comparada a Jane Austen e George Eliot. Apesar de ter sido uma autora popular em vida, sua obra praticamente caiu na obscuridade após sua morte, em 1897. Alvo de muitas críticas quando viva, seu trabalho vem sendo redescoberto por leitores e estudiosos dos escritores vitorianos.
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Criada durante a quarentena, em 2020, a Sociedade das Relíquias Literárias resgata textos clássicos, raros ou esquecidos de outrora, abrindo as portas para as leituras que permearam as bibliotecas dos nossos antepassados.
Todos os meses, a Sociedade resgata e edita um conto longo/noveleta para seus membros, cavando cada vez mais a fundo nos antigos acervos em busca de textos pouco conhecidos para cativar novos leitores.
Conheça a Sociedade das Relíquias Literárias e tenha acesso à edição digital de O Caminho da Dama.
]]>Com 11 anos de história, 11 selos editoriais e mais de 400 títulos publicados, a DarkSide® Books une-se à visionária produtora editorial Marina Avila, fundadora da Editora Wish, e sua talentosa e dedicada equipe integralmente feminina. A editora é amplamente reconhecida por uma nova geração de leitoras e leitores pelo primor e atenção a cada detalhe gráfico e editorial, e também por se tornar um sucesso na principal plataforma de financiamento coletivo do Brasil, o Catarse.
O anúncio chega para celebrar o aniversário de 10 anos da Editora Wish. Esta parceria marca o início de um novo capítulo para as empresas. A Wish surgiu no final de 2013, fundada por Marina, que tinha como objetivo publicar o livro Contos de Fadas em suas versões originais, um trabalho de conclusão de curso que em sua primeira edição física teve uma tiragem de apenas 300 exemplares. Hoje, o livro é o carro chefe do catálogo da editora, que já trouxe mais de 130 contos de fadas, entre clássicos e raridades, para o Brasil. Em 2016, a editora fez sua estreia no financiamento coletivo, onde estabeleceu uma forma inovadora para editar livros com esse perfil e, de forma rápida e surpreendente, conseguiu formar uma comunidade fiel de leitores. Com mais de 20 projetos muito bem-sucedidos, a Wish soma impressionantes R$ 3,6 milhões já arrecadados e mais de 38 mil apoios na plataforma, o que contribuiu para a publicação de títulos como A Dança da Floresta, Os Melhores Contos de Fadas Asiáticos e Sweeney Todd. “Esta aquisição vai além de uma expansão comercial. É um fortalecimento mútuo entre duas editoras que valorizam a representatividade, a diversidade e a excelência editorial”, declara Christiano Menezes, diretor editorial da DarkSide® Books.
Ambas as editoras, nascidas no universo online e alinhadas na filosofia de “fã para fã”, celebram essa parceria que expandirá o catálogo diferenciado e robusto do grupo editorial da DarkSide® Books, agora enriquecido com os aclamados e cultuados títulos da Wish, ao lado de outras marcas editoriais consagradas como Magicae, Crime Scene, DarkLove, Macabra, Medo Clássico, Fábulas Dark e o selo infantil Caveirinha. “É uma admiração de longa data que se transformou em um desejo colaborativo de contar novas histórias. Uma potência comercial e inovadora de profissionais jovens e únicos no mercado", diz Chico de Assis, diretor comercial da DarkSide® Books.
O trabalho da jovem editora contagiou os três sócios da Darkside® Books logo no primeiro contato com seus livros. “A Marina e toda sua equipe sabem e amam o que fazem, isso transpira em cada página de seus livros. Vi que tínhamos uma paixão em comum pela literatura e pela força sensorial do objeto livro”, afirma Marcel Souto Maior, diretor de novos negócios da DarkSide® Books. A transação foi finalizada no final de setembro de 2023 e os detalhes financeiros não foram divulgados.
“É um momento empolgante para a Wish, que manterá sua autonomia e essência, e agora contará com o suporte tecnológico e toda a rede de marketing digital, comercialização e distribuição da DarkSide® Books, proporcionando uma maior liberdade criativa e ganhos de escala significativos nas negociações com clientes e fornecedores”, comemora Marina, que permanece à frente do projeto editorial.
]]>Jeanne-Marie Leprince de Beaumont nasceu em Rouen, na França, em 1711. Madame Leprince de Beaumont casou-se duas vezes. Seu primeiro casamento foi infeliz, o que fez com que ela se separasse em 1746, apenas dois anos depois da união, e deixasse a França.
Na Inglaterra ela encontrou seu segundo marido, com quem teve filhos. Foi também na Inglaterra, enquanto trabalhava como governanta, que publicou Le Magasin des enfants, título que deixaria, para sempre, uma marca na literatura. Sua versão mais resumida de A Bela e a Fera se tornou canônica e inspirou diversas obras e adaptações nos séculos seguintes.
Estudiosa e inteligente, Beaumont publicou uma série de ensaios pedagógicos, muitas vezes traduzindo do próprio francês para o inglês, tendo como foco meninas da classe alta. Ela escreveu suas histórias pensando nas suas alunas, chegando até mesmo a colaborar com algumas. Os resultados apareceram em coleções como Young Ladies' Magazine or Dialogues between a Discreet Governess and Several Young Ladies of the First Rank under Her Education, publicada em 1760.
Ao descrever seus métodos de ensino, a governanta defendeu a capacidade de suas meninas de pensarem para elas mesmas. Assim, ela tornou suas histórias abertamente didáticas, mostrando recompensas e punições, e frequentemente as concluía com mensagens explicitamente cristãs.
Beaumont colocou muito de suas crenças, opiniões e ensinamentos nas histórias que escreveu. Por isso, foi pioneira ao usar os contos de fadas e para moldar as mentes dos jovens da época, o que inspirou autores como os irmãos Grimm, anos mais tarde.
Segundo Marina Warner, autora de From the beast to the blonde, "sua visão do amor e da simpatia femininas, redimindo o bruto masculino fez de "A Bela e a Fera" um dos mais amados contos de fadas do mundo, e segue inspirando o sonho de viver o poder do amor em jovens meninas e meninos".
Sua versão de A Bela e a Fera foi publicada pela Editora Wish em Os Melhores Contos de Fadas Originais e agora Madame Leprince de Beaumont chega à Sociedade das Relíquias Literárias. O Príncipe Querido é um mergulho aos tempos dos primeiros contos de fadas na forma como os conhecemos, pelas mãos de uma grande contadora de histórias.
Conheça a Sociedade das Relíquias Literárias e tenha acesso à edição digital de O Príncipe Querido!
]]>O personagem que ficou famoso na pele de Johnny Depp e nas páginas da literatura seriada da época pode ter sido inspirado em uma figura ainda mais antiga e em alguns fatores que influenciaram a literatura vitoriana.
Embora muitos digam que, assim como outras figuras icônicas do imaginário popular, Sweeney Todd tenha sido criado a partir da mistura de vários outros personagens, alguns acreditam que ele de fato tenha existido. Segundo o portal History Defined, as primeiras referências literárias a um indivíduo que matou pessoas e as transformou em tortas vêm da França no século XVII. Le Théatre des Antiquités, publicado em 1612, conta uma história envolvendo um confeiteiro assassino.
SAIBA MAIS: Criminalidade na era vitoriana
Ainda de acordo com History Defined, algumas décadas depois dessa publicação, Pehr Lindestrom, um viajante sueco, visitou o norte da França e contou uma história que ouviu sobre um barbeiro assassino que trabalhava na cidade de Calais. Diferentes versões foram sendo absorvidas pela tradição literária inglesa no início do século XIX e, apenas alguns anos antes da história de Sweeney Todd ser publicada, Charles Dickens chegou a escrever sobre rumores de doces canibalísticos.
Em uma época em que crimes violentos vendiam, a linha entre ficção e realidade parecia tênue e chamava bastante atenção. De fato, em 1842, a revista Punch escreveu: "o assassinato é, sem dúvida, uma ofensa muito chocante; no entanto, como o que é feito não pode ser desfeito, vamos ganhar nosso dinheiro com isso".
Assassinatos eram retratados de todas as formas. As Broadsides, por exemplo, eram folhas impressas que forneciam ao público matérias sobre os principais acontecimentos, desde naufrágios e fofocas reais até tumultos e assassinatos. Esses últimos eram acompanhados de ilustrações sinistras que retratavam o assassinato ou execução em questão.
Para além da realidade, a ficção apresentava histórias assustadoras e sangrentas o suficiente para cativar leitores todos os meses. Sweeney Todd foi publicado em 1846, durante o período vitoriano na Inglaterra, quando houve a Revolução Industrial e as cidades ficaram infestadas de pestes, assassinatos e livros macabros.
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Conforme o índice de alfabetização foi crescendo, surgiu a necessidade se criar uma literatura de entretenimento para as massas. Assim nasceram as Penny Dreadfuls, uma série de novelas periódicas de terror. Sweeney Todd, o barbeiro demoníaco da Rua Fleet, é uma das Penny Dreadfuls mais famosas e queridas de todos os tempos.
Muitas Penny Dreadfuls não foram atribuídas a um autor específico por direitos autorais e razões comerciais o que, infelizmente, torna quase impossível ter certeza absoluta de quem estava por trás das obras, o que poderia facilitar a busca por suas inspirações e referências, como as de Sweeney Todd. O que temos certeza é que o sucesso comercial e popular da história continua reverberando mais de um século após sua publicação e continua instigando leitores.
Conheça Sweeney Todd, o barbeiro demoníaco da Rua Fleet, a famosa história vitoriana que deu origem ao filme e musical.
]]>Edith Wharton nasceu em 1862, em Nova York, nos Estados Unidos. Nascida em uma família rica, a jovem Edith passou parte de sua infância na Europa, principalmente França, Alemanha e Itália, desenvolvendo tanto seu talento para as línguas quanto um profundo apreço pela arte como arquitetura e literatura.
Sua carreira na literatura começou já em 1872, quando voltou à Nova York. Com apenas 16 anos publicou sua primeira coletânea de poemas. Ao final de sua adolescência, com 17 anos, Edith começou a frequentar festas e bailes da alta sociedade de Newport e Nova York. Essa realidade de privilégios serviria de inspiração para críticas presentes em suas futuras obras.
Anos mais tarde, mesmo tendo apenas 23 anos, em uma sociedade que esperava que a vida das mulheres fosse voltada para o casamento e a família, Edith Wharton estava começando a ganhar a fama de "solteirona". Foi apenas em 1885 que se casou com Edward Robbins Wharton com quem dividiu a vida até 1913, quando o casal se divorciou e Edith se mudou permanentemente para a França.
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Seu primeiro grande projeto literário aconteceu em 1897, com The Decoration of Houses, livro de ficção sobre design e arquitetura cuja co-autoria dividiu com Ogden Codman, Jr. Entretanto, o trabalho com a escrita teria reflexos que nem a própria autora poderia imaginar.
Em 1914, quando a Primeira Guerra Mundial estourou, Edith Wharton vivia em Paris e já havia se tornado rica e famosa. Em vez de buscar a segurança na Inglaterra ou voltar aos Estados Unidos, Wharton optou por ficar na França e se dedicar à criação de uma complexa rede de organizações beneficentes e humanitárias. Ela usou seus privilégios, recursos e trabalho para relatar das linhas de frente, ajudou milhares de refugiados que chegaram a Paris, abriu um hospital para afetados pela tuberculose e angariou fundos. Wharton chegou a receber uma Legião do Mérito da Ordem Nacional da Legião de Honra da França, recompensa máxima por méritos eminentes militares ou civis à nação.
Após a guerra, Edith continuou escrevendo. Em 1921 ela se tornou a primeira mulher a vencer o Prêmio Pulitzer de ficção com seu romance The Age of Innocence. Wharton escreveu mais de 40 livros em 40 anos, incluindo obras sobre arquitetura, jardins, design de interiores e viagens. Além do Pulitzer, recebeu um doutorado honorário em Letras da Universidade de Yale e a se tornou membro pleno da Academia Americana de Artes e Letras.
Edith Wharton morreu em agosto de 1937, mas a história que viveu e as que escreveu continuam ecoando. Wharton fez sua estreia na Sociedade das Relíquias Literárias com o conto Depois e agora retorna com A Completude da Vida, uma reflexão sobre o que nos completa e com quem escolhemos compartilhar os dias.
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]]>O mercado editorial, portanto, precisou se adaptar ao estilo de vida e poder aquisitivo desse novo público, que não podia adquirir livros a preços expressivos e que não possuía grande interesse por conteúdos acadêmicos. Eles desejavam ficção. A soma de todos esses fatores foi essencial para que a leitura se popularizasse entre as classes mais baixas, contribuindo para o surgimento de um subgênero do romance conhecido como penny blood.
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As penny bloods eram publicações periódicas semelhantes ao folhetim. Cada capítulo era vendido por um centavo de libra, preço acessível aos trabalhadores. Os textos possuíam uma linguagem que dialogava com a massa, e tinham como enredo histórias de horror passadas nos grandes centros urbanos, cheios de crimes e sangue. Tais obras eram voltadas para um público, sobretudo, adulto.
Foi a mistura da literatura gótica do século XVIII com o romance sensacionalista que fizeram as penny bloods tão chamativas para a sua época. Ainda de acordo com Salles, em vez de seus enredos estarem ambientados em castelos, igrejas e lugares remotos, as histórias de horror foram transferidas para os grandes centros urbanos e trabalharam o medo em cima das possibilidades do mundo doméstico burguês e as formas como ele poderia se transformar. Aqui, o vilão da história poderia ser qualquer pessoa, desde uma indefesa fabricante de tortas a um simples barbeiro.
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E falando em um barbeiro... Sweeney Todd, o barbeiro demoníaco da Rua Fleet, é uma das Penny Bloods mais famosas e queridas de todos os tempos e um dos primeiros clássicos da escrita britânica de horror. Conheça Sweeney, a Srta. Lovett e Johanna mais de perto, exatamente como os vitorianos fizeram em 1846!
]]>Neste conto italiano de 1550, um dos diversos contos com a temática de moças com mãos decepadas, a jovem e gentil Biancabella recebe de sua madrasta uma sentença de morte… mas contará com a bondade de uma cobra para se recuperar. E você pode pode ler esta história gratuitamente! Segue o post até o final para saber como.
É louvável e muito necessário que a mulher, em qualquer estado e condição, aja com prudência, sem a qual nada se administra bem. E, se uma madrasta, cuja história tenho a intenção de contar, tivesse sido modesta, talvez, achando que iria matar o outro, não teria sido, por justiça divina, morta por esse outro, como agora explicarei a vocês.
Este conto faz parte da seleção de quase 40 textos macabros do passado, sem censura, no volume Os Melhores Contos de Fadas Sombrios. Além de Straparola, outros grandes nomes como Giambattista Basile, Irmãos Grimm, Hans Christian Andersen, Charles Perrault, e mais, chegam para provar que nem toda fada é madrinha, nem todo “beijo de amor” é consensual e nem toda história tem um final feliz.
Clique na imagem acima para realizar o download ou, se preferir, baixe clicando aqui.
]]>Para salvar o mundo torturado pelo domínio do deus demônio (Tantai Jin), Li Su Su, filha do líder da seita do qual faz parte, viaja de volta quinhentos anos no tempo para impedir que Tantai Jin, que ainda não havia sido completamente corrompido por pensamentos malignos, se torne um deus demônio. Inesperadamente, ele acaba sendo seu marido nesta vida, e os dois gradualmente desenvolvem sentimentos um pelo outro.
O que achamos: este não é um drama para quem não gosta de chorar. Além de uma fotografia encantadora e cenários belíssimos, acompanhamos os protagonistas ao longo de três vidas diferentes, onde se apaixonam, se magoam e tentam desesperadamente perdoar e salvar um ao outro.
Onde assistir: YouTube
O temível Lorde Demônio, Dong Fang Qing Cang, uma vez causou o caos total no reino dos deuses, fazendo com que ele fosse amaldiçoado e aprisionado em uma torre mágica, onde permaneceu por milhares de anos. Mas quando, por acidente, Xiao Lan Hua o liberta, ele pensa que pode escapar. No processo de libertá-lo, alguma mágica bizarra parece ter ocorrido e os dois trocaram de corpo. Mas enquanto eles procuram uma forma de desfazer o feitiço, o amor começa a lançar o seu próprio feitiço mágico!
O que achamos: o começo do drama parece lento, mas aos poucos a energia carismática da protagonista, ao lado do lorde que esconde seu coração mole atrás de uma fachada sisuda, irão conquistar os espectadores. O drama esconde alguns segredos na narrativa e é interessante observar o desenrolar dos eventos.
Onde assistir: Netflix
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Jang Wook é herdeiro de família nobre e possui a fama de maior encrenqueiro do reino. O destino o leva até Deok Yi, uma guerreira de elite que está com a alma presa dentro de um corpo fisicamente fraco. Eventualmente, Deok Yi começa a trabalhar para Jang Wook enquanto, em segredo, ensina o herdeiro a lutar e tenta esconder sua identidade assassina. Ambos estão destinados a lutar contra um mal que se espalha pelo país, mas a verdade sobre quem realmente são poderá separá-los a qualquer momento. Para sempre.
O que achamos: sem dúvida um dos dramas de maior sucesso já exibidos na Netflix, e não é por menos. Não somente a trama política é extremamente envolvente, como nos apaixonamos por todos os personagens. Cada episódio é tomado pela tensão de que a identidade de Deok Yi será revelada a qualquer momento. Dividido em duas partes, é difícil escolher qual delas é a favorita.
Onde assistir: Netflix
Neste drama chinês de 2019, conhecemos Jiu Chen, o deus da guerra que mil anos atrás lutou contra o terrível lorde das trevas em uma batalha tão intensa que o levou até seus limites mais extremos. Exausto após a vitória, ele cai em um sono profundo. E ficou assim, até que a jovem donzela das fadas, Ling Xi, acidentalmente o desperta de seu sono.
Nascida com um miasma maligno que pode libertar o demônio do isolamento imposto por Jiu Chen, Ling Xi é a encarnação de todo o mal sobre a Terra; sua própria existência, uma perigosa ameaça para o mundo. Incentivado pelos deuses a acabar com o sofrimento do mundo antes que ele comece, Jiu Chen tem duas escolhas diante de si: salvar a mulher que ama ou deixar o mundo cair na escuridão.
O que achamos: mais um drama chinês de fantasia bem sucedido, e com uma trilha sonora e visuais apaixonantes. A trama é previsível em alguns momentos, mas surpreende em outros, especialmente nas reviravoltas sobre o passado desconhecido de alguns personagens.
Onde assistir: Viki
Se você gostou desta lista, tem outros dramas para recomendar ou gostaria que fizéssemos uma parte 3 desta postagem, fala aqui nos comentários!
E se gostaria de conhecer outras histórias fantásticas que parecem ter saído dos contos de fadas, conheça Contos de Fadas Asiáticos! Com histórias recheadas de dragões ancestrais, chefes de guerra, deuses celestiais e até mesmo um esperto espírito da raposa de nove caudas, nós os convidamos a conhecer o legado do leste asiático em mais contos selecionados.
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Mary de Morgan trabalhou com textos e histórias de várias formas. Escreveu diversos contos, alguns publicados em periódicos da época. Seu primeiro livro, Six by Two: Stories of Old Schoolfellows, foi publicado em 1873 em coautoria com Edith Helen Dixon.
Mary chegou a escrever uma duologia chamada A Choice of Chance, sob o pseudônimo de William Dodson. Como editora, trabalhou em Threescore Years and Ten: Reminiscences of the Late Sophia Elizabeth De Morgan, escrito por seu pai. Além disso, publicou artigos sobre questões sociais e políticas em jornais da época.
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Na virada do século XIX, Mary era uma escritora publicada relativamente conhecida e respeitada, embora não muito bem paga. As coletâneas On A Pincushion (1877); The Necklace of Princess Fiorimonde (1880); e The Windfairies (1900) reúnem os contos de fadas que fizeram de Mary de Morgan uma referência.
Mary seguiu os passos da mãe ao engajar nas lutas pelos direitos das mulheres e suas narrativas refletem um pouco de sua visão. Suas histórias apresentam um tratamento mais igualitário entre personagens de gêneros diferentes, o que, por si só, já destaca suas obras entre autores da época. Seus protagonistas, homens ou mulheres, eram igualmente capazes de desempenhar papéis de heróis ou vilões e suas histórias não se limitavam pelo duplo padrão da época em que Mary viveu.
Mary viveu os últimos anos de sua vida no Egito, como diretora de um reformatório feminino em Helouan. Morreu de tuberculose, em 1907, aos 57 anos. Suas histórias envolventes e recheadas de elementos mágicos estão sendo redescobertas e apresentadas para novos leitores, mais de cem anos após sua morte. De acordo com a Greenwood Encyclopedia of Folk Tales and Fairy Tales, os contos de fadas de Mary de Morgan desempenharam um "papel abrangente e central" em sua época na evolução do conto de fadas literário.
O Colar da Princesa Fiorimonde foi sua estreia literária na Sociedade das Relíquias Literárias e agora a autora retorna com A Jornada de Arasmon, um doce e emocionante conto de fadas. Conheça a Sociedade das Relíquias Literárias e tenha acesso à edição digital de A Jornada de Arasmon.
]]>Com uma página de título adornada com esqueletos e o aviso de não me toque, rapidamente se percebe as estranhezas escuras que se escondem dentro de suas páginas, e o autor tentou passar uma impressão de livro antigo ao mencionar o ano de 1057.
A maior parte das ilustrações retrata de um variado bestiário de criaturas demoníacas grotescas até todo tipo de atividade apropriadamente demoníaca, como mastigar pernas decepadas, cuspir fogo e cobras de órgãos genitais e desfilar em torno de cabeças decapitadas em gravetos. Além disso, também parece haver imagens relacionadas à necromancia, o ato de comunicar-se com os mortos, a fim de obter informações sobre o futuro e possivelmente controlá-lo.
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Compêndio de Demonologia e Magia é um dos muitos abordados na enciclopédia Do Incrível ao Bizarro, um compêndio de inúmeras pesquisas realizadas nas mais diversas bibliotecas mundiais, onde reunimos um acervo rico em manuscritos, ilustrações e fotografias raras. Dentre eles, o manuscrito original de Lewis Carrol para Alice, a Bíblia de Gutemberg, um bestiário de criaturas reais e fantasiosas que parecem ter saído direto de filmes como Animais Fantásticos, além de ilustrações botânicas, do corpo humano e manuscritos medievais. Saiba mais aqui.
]]>Amelia Edwards nasceu em Londres, em 1831, filha única de um soldado aposentado que se tornou banqueiro. Amelia foi alfabetizada em casa por sua mãe e, desde cedo, demonstrou talento para a arte e a música, mas foi sua escrita que se destacou desde nova.
Sua carreira começou em 1850 como jornalista e escritora. Seu primeiro romance, My Brother’s Wife, foi publicado em 1855 e, nos anos seguintes, publicou diversos contos e histórias.
Após a morte de seus pais, em 1860, Amelia Edwards começou uma série de viagens que mudariam sua vida. No século XIX não era comum ou bem visto que mulheres viajassem sozinhas, mas Amelia não deixou que isso a impedisse. Ao lado de Lucy Renshaw, uma amiga próxima, viajou para as Dolomitas, uma cadeia de montanhas nos Alpes do norte da Itália.
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Juntas, as duas mulheres enfrentaram insetos, lama, frio, calor, estradas precárias, aldeões hostis e outras dificuldades e privações, mas nada seria demais para elas. Suas aventuras e dificuldades foram contadas em Untrodden Peaks and Unfrequented Valleys, livro publicado por Amelia em 1873. Entretanto, uma viagem específica mudaria os rumos de sua carreira.
Em 1873, ao lado de Lucy, Amelia viajou para o Egito e pôde passar algumas semanas explorando o Cairo, navegando pelo Nilo e testemunhando algumas escavações em sítios arqueológicos, incluindo o templo de Ramesses II. Sua viagem a deixou encantada pelo país e sua história, mas ao mesmo tempo despertou em Amelia o desejo de denunciar para o mundo a degradação desses sítios e de diversos artefatos históricos por parte de turistas europeus.
Em 1877, movida pelo que viu, publicou Thousand Miles up the Nile, um best-seller que continua sendo reeditado e impresso até hoje. Preocupada com a preservação da história e cultura do Egito, Amelia Edwards dedicou o resto de sua vida à causa, deixando a ficção de lado.
Em meio às ameaças aos monumentos e artefatos egípcios, Amelia Edwards se tornou uma potente voz pela preservação da história do Antigo Egito. Foi responsável, em 1882, por fundar o Egypt Exploration Fund, atual The Egypt Exploration Society.
Em um período em que as mulheres tinham pouco ou nenhum espaço para expressarem sua individualidade, Amelia Edwards também abriu caminhos. Ela se tornou vice-presidente da Bristol West of England National Society for Women's Suffrage e foi uma das primeiras colaboradoras do periódico English Woman's Journal, lançado em 1858, uma publicação importante na história feminista.
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Sua sexualidade também foi motivo de especulação. Segundo Jonathan Rowe, "descrita como uma mulher charmosa e inteligente, Amelia Edwards tinha uma enorme gama de talentos e interesses e foi bastante aberta sobre sua sexualidade em uma época em que isso era incomum". Segundo Rowe, no OutStories Bristol, Amelia Edwards teve diversos relacionamentos com outras mulheres e não escondia sua sexualidade nas cartas apaixonadas que escrevia.
Em abril de 1892, Amelia Edwards morreu de influenza, mas deixou para a posteridade não apenas uma pequena marca na literatura, mas um legado sobre a importância da preservação histórica e da luta por causas sociais. Em 2015 Amelia Edwards foi prestigiada com uma Blue Plaque na 19 Wharton Street, em Londres. A placa azul é uma honraria dedicada a figuras importantes para a história britânica.
A Carruagem Fantasma é uma relíquia literária de 1864 e é a prova de que uma mulher incrível pode ser muitas em uma. Antes de mergulhar nas pautas que defenderia até o fim da vida, Amelia Edwards nos presenteou com uma instigante e arrepiante história de fantasmas.
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]]>Este pequeno livro, sem qualquer palavra escrita e com a intenção cômica mas educativa, de demonstro que uma mulheres não tem motivos para ser afastada do seu direito básico de votar, foi criado em 1917 pelo National Woman Suffrage Publishing Co, um braço da Associação do Sufrágio Feminino.
O livro nasceu em meio a diversas manifestações pelos direitos do voto nos Estados Unidos e foi acompanhado por outras obras com o mesmo propósito educativo, como guias e obras nichadas, focando grupos específicos de mulheres.
Dois anos após a publicação deste livro, e com outras inúmeras forças reunidos, o direito feminino de votar nas eleições norte-americanas venceu. Outros países, pouco a pouco, seguiram o exemplo.
Every Reason Why Women Should Not Vote é um dos muitos abordados na enciclopédia Do Incrível ao Bizarro, um compêndio de inúmeras pesquisas realizadas nas mais diversas bibliotecas mundiais, onde reunimos um acervo rico em manuscritos, ilustrações e fotografias raras. Dentre eles, o manuscrito original de Lewis Carrol para Alice, a Bíblia de Gutemberg, um bestiário de criaturas reais e fantasiosas que parecem ter saído direto de filmes como Animais Fantásticos, além de ilustrações botânicas, do corpo humano e manuscritos medievais. Saiba mais aqui.
]]>Noor Inayat Khan carregava em si uma ancestralidade plural. Filha de pai indiano e mãe americana, nasceu em 1914, em Moscou, na Rússia, passou parte de sua infância na Inglaterra, cresceu na França e levava em suas veias o sangue dos antepassados. Descendente de Tipu Sultan, conhecido como o Tigre de Mysore, que se recusou a se submeter ao governo britânico, Noor Inayat Khan era uma princesa, muçulmana e pacifista.
Ainda em 1914, com o início da Primeira Guerra Mundial, a família de Noor migrou para a Inglaterra, onde permaneceu por seis anos. Nascida em uma família de artistas, com um pai músico e uma mãe poeta, desde nova a princesa demonstrava uma sensibilidade ímpar que transparecia nos poemas que ela também viria a escrever.
Aos seis anos, ela e sua família se mudaram para a França e passaram a morar nos arredores de Paris. A família gozou de anos felizes até a morte de Hazrat Inayat Khan, pai de Noor. Com a mãe devastada pela perda, coube à filha mais velha assumir as responsabilidades domésticas, aos 13 anos. Entre cuidar da mãe, de seus três irmãos e se dedicar aos estudos, Noor começou a escrever poemas, muitos deles dedicados à matriarca.
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Ao final da adolescência, Khan se graduou em Psicologia Infantil em Sorbonne, além de se dedicar à música, mais uma de suas heranças familiares. Dando vazão à sua veia artística, ela começou a escrever histórias para crianças. Com o tempo, foi se tornando reconhecida pelo trabalho e adquirindo certa segurança vivendo de suas histórias, tendo escrito para alguns jornais, revistas e até mesmo para rádios francesas. Um de seus trabalhos publicados, Twenty Jataka Tales, é uma adaptação das histórias ancestrais do budismo que lhe eram contadas quando mais nova.
Em 1939, quando a Segunda Guerra Mundial teve início, Noor Inayat Khan se voluntariou para a Cruz Vermelha, na França, treinando como enfermeira. Em 1940, quando a guerra atingiu um marco e a Alemanha invadiu a França, Noor e sua família abandonaram sua casa e migraram, assim como milhares de outros, deixando Paris pouco antes de a cidade cair nas mãos dos nazistas.
Foto: Nekbakht Foundation
Apesar de uma criação pacifista, tanto Noor quanto seu irmão Vilayat se alistaram para as forças aéreas em solo britânico. A princesa acreditava que era possível atuar de forma ativa em uma guerra contanto que o ódio não fosse sua motivação.
A revolta contra governos opressores e injustiças sociais serviria como um propósito para Noor ao longo de toda a sua vida. Ao contrário de muitos outros, ela não foi obrigada a ir à guerra, mas o fez por seu desejo intrínseco de tornar o mundo um lugar melhor, ajudando da forma que pudesse. Noor se alistou à Women's Auxiliary Air Force (WAAF), e seu trabalho e habilidades excepcionais chamaram a atenção de um setor em específico.
O Special Operations Executive (SOE) foi idealizado para ser um setor ultrassecreto de espionagem e atuação direta de agentes em campo durante a Segunda Guerra Mundial, criado especialmente por Churchill na guerra contra o fascismo na Europa. Ao contrário do Military Intelligence Section 6 (MI6), o serviço secreto de inteligência britânica, o SOE tinha como objetivo dar suporte à resistência em países ocupados pelos nazistas, se valendo de meios não ortodoxos.
A Inglaterra era o único país europeu que ainda resistia à força militar alemã e o papel dos agentes secretos era fundamental para garantir que isso continuasse. Os agentes do SOE, infiltrados nos países ocupados, eram responsáveis por tentar destruir, de dentro para fora, o regime nazista e facilitar a vitória dos Aliados. Sabotagem industrial e militar, greves, ataques terroristas contra líderes militares e manifestações são alguns dos exemplos.
Durante a Segunda Guerra, as forças de Hitler sabiam como suprimir movimentos internos e forças estrangeiras para além do poderio militar e bélico. A Gestapo, abreviação de Geheime Staatspolizei, era a Polícia Secreta do Estado, uma organização alemã paralela que investigava, prendia e torturava quem se opunha ao Reich. A Gestapo era temida por restringir direitos civis em prol de manter o controle da população, atuando acima da lei. Prender agentes secretos era tarefa da Gestapo.
Em meados de 1942, foi permitido que mulheres também atuassem como agentes em campo, isto porque acreditava-se que elas poderiam se sair melhor desempenhando atividades corriqueiras, se moverem pelos lugares sem levantar tantas suspeitas e, consequentemente, sendo menos interrogadas pela Gestapo do que os homens da época.
O recrutamento para o SOE era feito em segredo, majoritariamente por indicação e ter aptidão com idiomas era essencial. Apenas saber inglês não era o suficiente, até mesmo outras línguas não significavam uma chance na organização se o candidato tivesse qualquer resquício do sotaque britânico. Para um espião, a aparência também era primordial. Isso porque era preciso se passar por um francês para um conterrâneo. A linguagem precisava ser idêntica à de um nativo, os costumes deveriam refletir a cultura parisiense, os trejeitos precisariam enganar até o mais astuto dos agentes duplos.
As exigências eram rigorosas porque um candidato que cometesse qualquer erro que pudesse desmascará-lo colocaria em risco não apenas a si mesmo, mas toda a operação e outros agentes em campo. Ele precisava ser perfeito. E, aos olhos do SOE, Noor era a escolha ideal. Fluente em inglês e francês, tendo passado grande parte de sua vida entre a Inglaterra de Churchill e a França de De Gaulle, Noor seria valiosa para os Aliados, atuando como uma ponte entre os agentes em campo nos territórios ocupados e a inteligência britânica.
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A radiocomunicação teve um papel fundamental nos rumos da guerra. Por meio de mensagens recebidas, interpretadas e transmitidas pelos operadores, em sua maioria usando o Código Morse, era possível definir estratégias e fazer decisões mais assertivas, que poderiam representar vitórias valiosas.
Foto: Shrabani Basu/PA Wire
Rádio operadores tinham o trabalho mais perigoso de todos os agentes porque a possibilidade de serem capturados era enorme. Esses agentes tinham mais chances de terem seus disfarces revelados, uma vez que precisavam andar com seu equipamento o tempo todo e era praticamente impossível dar uma explicação para seu uso, caso fossem interrogados.
Em 16 de junho de 1943 sob o codinome Madeleine, Noor Inayat Khan, ou Nora Baker, seu pseudônimo britânico, foi a primeira mulher rádio operadora a ser enviada para a França ocupada. Noor foi designada para atuar na rede liderada por Emile Garry, em Paris e, em poucas semanas, já era a única remanescente.
Noor contou com inteligência e astúcia para se manter viva, seguindo como o único elo do SOE entre Paris e Londres, permitindo com que armas e recursos fossem entregues com sucesso aos Aliados, além de garantir o transporte seguro de agentes entre os territórios. Diante do perigo, foi sugerido que ela retornasse à Inglaterra, mas decidiu continuar em solo francês.
Na Paris completamente tomada pelos nazistas, a chance de sobrevivência era pequena porque era preciso usar o metrô e vários pontos de revista da Gestapo. A estimativa de vida de alguém com o cargo de Noor em campo, na época, era de seis semanas, em média. A Gestapo sabia que se pegasse o operador de rádio, o único link entre os agentes em campo e a Baker Street, eles teriam informações essenciais.
Durante meses, Noor conseguiu se esquivar da Gestapo, mudando o visual e se locomovendo com eficiência e rapidez, nunca ficando por muito tempo ou fazendo suas transmissões em um mesmo lugar. Mesmo para as pessoas próximas, Noor se apresentava como Nora Baker, um nome mais tipicamente britânico para não colocar em risco o irmão, que ainda estava na França. E foi como com este nome que a princesa foi traída. Historiadores divergem quanto a quem foi o traidor que entregou Noor à Gestapo, mas em outubro de 1943, ela foi capturada e presa.
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Sua teimosia se equiparava à persistência do interrogador. Mesmo assustada, com medo por si, por sua mãe e por um de seus irmãos que ainda morava em Paris, ela se recusou a cooperar. Recusou a comer e responder as perguntas, protegendo não só agentes, mas inocentes que faziam parte da rede da SOE e que ajudaram, de alguma forma, aqueles em solo francês.
Após duas tentativas de fuga malsucedidas, e depois de se recusar a assinar um termo em que se comprometia a não repetir o feito, ordens diretamente de Berlim instruíram que ela fosse enviada para a Alemanha, uma vez que era considerada perigosa demais para ser mantida em um local sem a supervisão adequada.
Ao contrário dos outros prisioneiros, por conta de suas fugas, ela recebia rações mais escassas de comida, não lhe era permitido sair da cela, tinha suas mãos e pés acorrentados de forma que tornava impossível que se limpasse e se trocasse sozinha, além de não ter contato com o exterior e outros prisioneiros. Shrabani Basu, biógrafa de Khan, compartilha relatos de que o tratamento diferenciado e brutal que a espiã recebia também se devia à cor mais escura de sua pele em comparação a outros prisioneiros.
Estima-se que ao menos 20 mil campos de concentração foram usados entre 1933 e 1945, na Alemanha e em outros territórios ocupados pelos nazistas. Dachau foi o primeiro a ser construído e seria ele o local para onde Noor seria levada em seus últimos dias. Uma noite antes de ser assassinada, Noor foi agredida, violentada e torturada. Em 13 de setembro de 1944, a princesa e espiã foi executada.
Por muito tempo não se teve notícias de seu paradeiro. Apenas alguns anos após a guerra, por meio de pessoas que tiveram contato com a agente na época em que estava presa, foi possível afirmar, com certeza, que Noor havia sido executada em Dachau, menos de sete meses antes de o campo ser libertado pelos Aliados. Instantes antes de ser morta, Noor proferiu sua última palavra: liberté. Liberdade.
Durante décadas, Noor foi lembrada como uma figura-chave na luta contra o nazismo e como um exemplo de integridade, lealdade e justiça. À época, quando questionada pelos recrutadores britânicos acerca de seu posicionamento quanto à independência da Índia, Noor não mentiu e se mostrou favorável à luta por direitos dos indianos colonizados. Anos após a sua morte, seu irmão chegou a dizer que acreditava que Noor, se sobrevivesse à guerra, provavelmente se colocaria ao lado da luta pela independência.
Postumamente, ela foi condecorada com a George Cross, a mais alta honraria civil do Reino Unido, e uma Croix de Guerre da França. Em 2012, Noor ganhou um busto de bronze instalado no terreno de sua antiga casa em Londres, inaugurado pela princesa Anne.
Em 2020, Noor foi a primeira mulher de origem sul-asiática a receber a Blue Plaque, uma honraria dedicada a figuras importantes para a história britânica. Sua placa azul foi colocada na Taviton Street em Bloomsbury, Londres, onde morou pouco antes de ser enviada à França para cumprir sua missão.
Sua história, assim como a de várias mulheres cuja presença foi fundamental para a vitória dos Aliados, vem sendo redescoberta, e suas contribuições, reconhecidas. Noor Inayat Khan deixaria para sempre sua marca como uma das mulheres que deu a vida pela liberdade de milhões.
Parte do legado de Noor chegou até nós por meio de suas histórias e registros. Nesta edição de colecionador, publicada originalmente em 1939 e recontada por Noor Inayat Khan, uma heroína de guerra, reúnem-se vinte fábulas e enredos recheados de bondade, virtude, respeito e compaixão. Conheça Fábulas Budistas: 20 Contos Jataka!
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Mami Wata é frequentemente retratada como uma sereia, uma encantadora de serpentes ou uma combinação de ambas. Suas representações foram profundamente influenciadas por representações de antigos espíritos aquáticos africanos, sereias europeias, deuses e deusas hindus e santos cristãos e muçulmanos.
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Como mostrado em Arts for Water Spirits in Africa and Its Diasporas, "assim como as artes dedicadas a ela, a adoração de Mami Wata como uma entidade espiritual específica não é um fenômeno unificado e homogêneo." Ela revela um conjunto extremamente diversificado. Existem muitas expressões de sua imagem no cristianismo, islamismo, judaísmo, hinduísmo, budismo e outras religiões, e isso talvez seja ainda mais verdadeiro no culto a Mami Wata e aos espíritos da água na África.
De acordo com a lenda, Mami Wata é uma mulher negra muito bonita com uma figura voluptuosa. Ela tem longos cabelos negros, um olhar fascinante, uma bela voz e a metade inferior de seu corpo é uma cauda. Ela não é apenas sexy, ciumenta e sedutora, mas também existe no plural, como mami watas e papi watas que fazem parte da vasta e incontável "escola" de espíritos da água africanos.
Segundo Christine Meram em "The Legend of Mami Wata", como a maioria das sereias, Mami Wata pode seduzir, enfeitiçar e intrigar os humanos. Ela é uma bela criatura, envolta em mistério, mas é preciso cuidado pois Mami Wata é uma sereia vingativa e não é alguém para se mexer.
Assim como diversas criaturas mágicas e as próprias narrativas de folclores ao redor do mundo, as sereias também foram vistas como símbolos e eram referências usadas para explicar fenômenos que estavam além da compreensão humana da época e já fazem parte da cultura popular.
Esses seres mágicos também serviram de inspiração para algumas das histórias mais amadas da cultura pop. Conheça a história original de A Pequena Sereia, que deu origem à animação da Disney!
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Segundo Jill L. Matus, autora de The Cambridge Companion to Elizabeth Gaskell, "nutrida pelo rico contexto social e religioso do Unitarismo do século XIX, Gaskell tem uma mente tipicamente aberta em resposta à transformação e à mudança social. Isso é evidente em sua ficção inicial no tratamento dos problemas da vida da classe trabalhadora e da prostituição, bem como na representação magistral de seu último romance da vida provinciana no contexto de mudanças nas estruturas sociais e nas relações de gênero e classe."
À sombra de suas obras mais célebres, Lois the Witch já foi escolhida como uma das melhores histórias sobre caça às bruxas e, agora, chega para os assinantes da Sociedade das Relíquias Literárias. Criada durante a quarentena, em 2020, a SSRL resgata textos clássicos, raros ou esquecidos de outrora, abrindo as portas para as leituras que permearam as bibliotecas dos nossos antepassados.
Todos os meses, a Sociedade resgata e edita um conto longo/noveleta para seus membros, cavando cada vez mais a fundo nos antigos acervos em busca de textos pouco conhecidos para cativar novos leitores. Uma vez por semestre é enviado um livro para os assinantes que também recebem um cupom de desconto exclusivo para aquisição do livro no formato físico, quando for lançada.
Conheça a Sociedade das Relíquias Literárias e tenha acesso à edição digital de Lois, a Bruxa.
Filho ilegítimo de um capitão de mar francês e sua amante, Audubon foi um artista itinerante que viajou pela América desenhando os pássaros que ele amou. A obra era composta de ilustrações em tamanho natural e mostrava todas as espécies conhecidas da América do Norte por isso algumas aves se encontram em posições estranhas, como o flamingo, de forma a caber na página.
Acredita-se que apenas 120 conjuntos completos de 435 gravuras em tamanho natural d'Os Pássaros da América existam hoje. A última edição completa, que subiu para leilão em 2010, foi vendida por 7,3 milhões de libras esterlinas, quebrando o recorde mundial de um único livro.
Os Pássaros da América é um dos muitos abordados na enciclopédia Do Incrível ao Bizarro, um compêndio de inúmeras pesquisas realizadas nas mais diversas bibliotecas mundiais, onde reunimos um acervo rico em manuscritos, ilustrações e fotografias raras. Dentre eles, o manuscrito original de Lewis Carrol para Alice, a Bíblia de Gutemberg, um bestiário de criaturas reais e fantasiosas que parecem ter saído direto de filmes como Animais Fantásticos, além de ilustrações botânicas, do corpo humano e manuscritos medievais. Saiba mais aqui.
]]>Elizabeth Cleghorn Stevenson nasceu em 29 de setembro de 1810. Filha de um ministro unitarista, perdeu a mãe muito cedo e foi criada por parentes próximos. Além de uma prolífica escritora, Elizabeth Gaskell também desempenhou o papel que se esperava das mulheres de sua época: foi esposa de um clérigo e mãe de quatro filhas. Casou-se com William Gaskell em 1832, também ministro unitarista, com quem dividia ideais e crenças a respeito da realidade da época.
É difícil ter certezas sobre sua vida privada, seus anseios e angústias. Elizabeth Gaskell foi uma mulher que prezava por sua privacidade. Até mesmo nas cartas que escreveu ela procurava manter o mínimo de detalhes a respeito de sua vida pessoal e pouco se sabe sobre a maneira como ela lidou com conflitos familiares e questões do tipo.
Segundo Deirdre d'Albertis, especialista em estudos vitorianos, teoria feminista, literarura inglesa dos séculos XIX e XX, e Reitora da Bard College, "como cronista de sua própria vida, Gaskell praticou a autocensura em um grau surpreendente". A autora chegou a exigir que seus correspondentes queimassem suas cartas e registros. Esse silêncio a respeito da própria vida deixou margem para que críticos, leitores e entusiastas buscassem em suas histórias e personagens ecos de sua vida.
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Segundo Jill L. Matus, autora de The Cambridge Companion to Elizabeth Gaskell, "nutrida pelo rico contexto social e religioso do Unitarismo do século XIX, Gaskell tem uma mente tipicamente aberta em resposta à transformação e à mudança social. Isso é evidente em sua ficção inicial no tratamento dos problemas da vida da classe trabalhadora e da prostituição, bem como na representação magistral de seu último romance da vida provinciana no contexto de mudanças nas estruturas sociais e nas relações de gênero e classe."
Gaskell publicou mais de quarenta obras, incluindo romances, novelas, contos, ensaios e relatos de viagem. Algumas de suas obras de ficção mais curtas foram publicadas em revistas literárias da época, incluindo Household Words e All the Year Round. Cranford, Norte e Sul e Mary Barton estão entre seus romances mais celebrados. Também contribuiu para outro gênero. Ao escrever a biografia de Charlotte Bronte, Gaskell abriu as portas para o fortalecimento de outros gêneros literários. Sua biografia de Charlotte é considerada por alguns críticos como a mais importante de uma escritora do século XIX.
Elizabeth Gaskell foi uma mulher que tinha opiniões sobre o mercado e a sociedade. Nancy Henry, no capítulo que escreveu para The Cambridge Companion to Elizabeth Gaskell, sugere que "sugere que Gaskell estava ciente de como a ficção pode desempenhar um papel importante nas transformações de uma sociedade. Não só poderia memorializar o passado, mas também interpretar as razões e os efeitos da mudança e iniciar novas mudanças, chamando a atenção para os problemas sociais e atraindo simpatia para aqueles cujas vidas estão além da experiência da maioria dos leitores."
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Deirdre d'Albertis exalta as controvérsias que E.C. Gaskell provocou. Segundo a professora, em seu texto A vida e as letras de EC Gaskell, "nós sabemos que a “Mrs. Gaskell” ofendeu, até mesmo indignou, os críticos com não uma, mas várias obras de ficção politicamente engajadas". Algumas cópias de Ruth, romance escrito em 1853, chegaram a ser queimadas por paroquianos por conta da suposta imoralidade do retrato simpático de Gaskell de uma “mulher caída”.
Apesar de ter sido considerada socialmente conservadora por muito tempo, em meados do século XX, quando a crítica feminista se volta para textos de autoras do passado, seus trabalhos começaram a ser reinterpretados e Gaskell ganhou mais destaque pelas críticas sutis que trazia em suas histórias e por seu posicionamento enquanto era viva.
As críticas anteriores ao seu trabalho começaram a ser revisitadas e contestadas, dando um fôlego novo aos seus livros. Segundo Jill L. Matus, "o status canônico de Gaskell hoje é uma restauração, e não uma continuidade de sua reputação em sua própria época".
Elizabeth Gaskell morreu aos 55 anos por causa de um repentino ataque cardíaco, mas sua vida continua objeto de curiosidade e fascínio. Suas histórias vivem, imortais, e hoje, talvez mais do que nunca, existe espaço para que grandes autoras como a própria Gaskell sejam relembradas e suas obras estudadas e lidas por novos públicos.
À sombra de suas obras mais célebres, Lois a bruxa já foi escolhida como uma das melhores histórias sobre caça às bruxas e, agora, chega para os assinantes da Sociedade das Relíquias Literárias. Assine a SRL e baixe o ebook ainda hoje!
]]>Marie-Catherine Le Jumel de Barneville, condessa de d’Aulnoy, nasceu aproximadamente em 1650, na França. Em 1697, dentro do mesmo contexto que levou Charles Perrault a publicar várias das histórias que viajam o tempo e abriram as portas para o gênero, Marie-Catherine d'Aulnoy cunhou o termo "Contos de Fadas", como o gênero ficaria conhecido até hoje.
O final do século XVII deu início a uma grande onda literária, com Perrault e outros autores publicando suas coleções de contos de fadas, mas Marie-Catherine d'Aulnoy também deixaria sua marca.
Segundo Jennifer Schaker, citada por Maria Zilda da Cunha e Lígia Menna em Narrativas e Enigmas da Arte, os contos de Marie-Catherine d'Aulnoy ajudaram a definir o que seria um “conto de fadas” à época: narrativa de “paisagem fantástica” na qual “as personagens enfrentam desafios sociais”, além de ser escrito como “entretenimento adulto e provocação intelectual”.
Segundo D.J. Adams, também citado pelas autoras, “as traduções dos contos de fadas de Mme. d’Aulnoy foram mais populares na Inglaterra durante o século XVIII do que os de qualquer outro autor francês, inclusive Perrault".
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Assim como vários autores ao longo do tempo, Marie-Catherine d'Aulnoy foi deixada às margens da crítica literária. Ainda segundo D.J. Adams, mencionado em Narrativas e Enigmas da Arte, parte da razão para isso pode ter surgido pelo interesse da autora em histórias de príncipes, reis e rainhas, bem como pela presença recorrente de descrições do modo de vida cortesão.
O autor ainda diz que "a fantasia inventiva de caráter atemporal típica do conto de fadas encontrava resistência no que diz respeito à noção clássica e racional de “tempo” narrativo cultuada pela teoria literária vigente, ressaltando que o prestígio do conto de fadas entre os críticos e historiógrafos franceses do século XVIII é inversamente proporcional ao seu êxito editorial."
Hoje, Marie-Catherine d'Aulnoy é reconhecida como uma das grandes escritoras do século XVII, cujas histórias influenciaram muitos outros escritores e inspiraram adaptações em diversas formas de arte, como cinema, teatro e música.
Além dos contos de fadas, Marie-Catherine d'Aulnoy escreveu romances de viagem e romances históricos, ampliando seu leque como autora. Ela morreu em 1705, deixando para as gerações futuras uma riquíssima herança literária que continua sendo revisitada e lembrada.
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]]>As revistas literárias publicavam histórias seriadas, fazendo com que um enredo fosse apresentado aos leitores em fascículos, geralmente em publicações mensais. A literatura seriada permitiu que os leitores da classe média comprassem romances que seriam inacessíveis caso fossem adquiridos em uma única edição.
Essas publicações foram responsáveis por entregar histórias que correspondessem aos interesses da população da época e apresentaram grandes autores como Jerome K. Jerome. Nascido em meados da Era Vitoriana, Jerome foi um retrato de seu tempo.
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Jerome Klapka Jerome, mais conhecido como Jerome K. Jerome, teve que lidar com a pobreza e condições financeiras instáveis enquanto crescia. Nasceu na Inglaterra em 1859 e, como grande parte da classe trabalhadora da época, foi obrigado a deixar a escola aos 14 anos para trabalhar, após a morte de seu pai. Sua mãe morreu pouco tempo depois, deixando um jovem Jerome órfão.
Jerome começou trabalhando como empregado em estradas de ferro e logo se interessou pelo teatro, trabalhando como ator em um grupo de teatro amador antes de se juntar a uma trupe que viajaria pela Europa, mesmo com poucos recursos. Ao retornar para Londres, com pouco mais que vinte anos, conseguiu um emprego como jornalista e repórter local. Depois disso, Jerome ainda viria a realizar diversos ofícios até que voltasse a trabalhar com a escrita, como escrivão de um advogado.
Mesmo em contato com o direito, Jerome começou a se envolver com a literatura, escrevendo contos, ensaios e sátiras, que enviou para alguns dos periódicos da época. Seus primeiros trabalhos foram colaborações para jornais locais e o autor precisou lidar com diversos textos recusados.
Sua experiência como ator inspirou seu primeiro romance On the Stage—and off, 1885. Entretanto, suas obras seguintes alavancaram sua carreira como escritor. Idle Thoughts of an Idle Fellow, publicado em 1886, atraiu os olhares do público para Jerome pela primeira vez. Entretanto, pouco tempo depois, em 1888, viajou com a esposa para sua lua-de-mel e o passeio, assim como o convívio com dois amigos, inspirou a história que alavancaria sua carreira.
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Jerome teve alguns de seus primeiros e mais aclamados trabalhos publicados na Home Chimes, revista literária da época, incluindo Three Men in a Boat, uma cômica narrativa de viagem de barco entre dois amigos subindo o tio Tâmisa e que tornou Jerome um autor de sucesso instantâneo. Desde que foi lançado como um livro, em 1889, nunca mais saiu de circulação e é considerada uma referência na literatura inglesa.
O sucesso da obra garantiu uma carreira para Jerome, que passou a se dedicar inteiramente à escrita. Ele também trabalharia com periódicos, incluindo um tempo como colaborador e coeditor da The Idler e como fundador do To-Day, um jornal semanal no qual se manteve como editor até 1898.
Suas viagens continuariam servindo de inspiração para algumas de suas obras, como Three Men on the Bummel, escrita depois de um período na Alemanha e sequência do sucesso Three Men in a Boat. Entretanto, suas obras, refletindo o tempo em que vivia, sentiriam a Primeira Guerra Mundial.
Jerome K. Jerome viveu sua vida adulta durante a Belle Époque. Conhecido por sua escrita cômica e satírica, Jerome refletia, em suas obras, o otimismo e humor da época. Entretanto, a eclosão da Primeira Guerra Mundial e o tempo em que viveu em campo, deixaria uma marca inegável no escritor. Com quase 60 anos, Jerome insistiu em se alistar. Tendo sido recusado pelos britânicos por causa de sua idade avançada, se juntou ao exército francês, dirigindo ambulâncias nos fronts.
O romance All Roads Lead to Calvary, publicado em 1919, mostra a influência dos tempos de guerra no autor. Indo na contramão de autores contemporâneos que escreviam sobre o período com pompa e circunstância, Jerome transparecia as sequelas deixadas pela Guerra. All Roads Lead to Calvary é um dos últimos trabalhos publicados pelo autor.
Em 1927, depois de um passeio com a esposa em Devon, condado no sudoeste da Inglaterra, Jerome sofreu um derrame a caminho de Londres. Após uma hemorragia cerebral que o deixou paralisado por duas semanas, Jerome K. Jerome morreu em 14 de junho, deixando um legado como humorista, escritor e autor de peças de teatro.
Em 1989, Jerome J. Jerome recebeu a Blue Plaque, uma honraria dedicada a figuras importantes para a história britânica. Sua placa foi colocada no número da Chelsea Gardens, em Chelsea Bridge Road, local onde escreveu Three Men in a Boat, livro que o imortalizou.
Jerome K. Jerome escreveu diversos romances, peças e contos ao longo da vida, incluindo histórias voltadas para o sobrenatural como Ceias fantasmagóricas, conto publicado pela Editora Wish na antologia O Natal dos Fantasmas, e Terror Depois da Ceia, publicado originalmente em 1891. Conheça os dois livros do autor publicados no Brasil aqui.
]]>Assim como diversas criaturas mágicas e as próprias narrativas de folclores ao redor do mundo, as sereias também foram vistas como símbolos e eram referências usadas para explicar fenômenos que estavam além da compreensão humana da época. Além de estarem envoltas em uma aura de sedução e mistério, em diversas lendas as sereias também são criaturas assustadoras e perigosas.
Muito associadas à figura feminina, as sereias são seres que, como as fadas, tinham poderes mágicos e proféticos. Adoravam música e frequentemente cantavam. Embora muito longevos, eram mortais e não tinham alma. Segundo o Royal Museums Greenwich, "com uma história tão rica e variada, o símbolo da sereia é tão mutável quanto o próprio mar. Em algumas culturas, a sereia significa vida e fertilidade dentro do oceano. Em outros, ela personifica a natureza destrutiva da água, atraindo marinheiros para a morte – servindo como um presságio para tempestades, mares revoltos e desastres".
Um dos primeiros registros da figura da sereia remota a 1.000 A.C. na região da Assíria, uma importante civilização mesopotâmica localizada no território hoje ocupado por Síria e Iraque. Na mitologia da Assíria, a bela deusa da fertilidade Atargatis tornou-se uma sereia depois de se lançar em um lago. Sua metade inferior tomou a forma de um peixe, mas os deuses mantiveram sua beleza preservando sua forma humana na metade superior de seu corpo.
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Cultuada em diversas culturas do continente africano, Mami Wata é uma divindade das águas adorada por sua beleza, poder de cura, sabedora e protetora de desastres naturais. Já em lendas do leste asiático Suvannamaccha é uma princesa sereia que se apaixona por Hanuman, um deus-macaco do hinduísmo.
No folclore eslavo, Rusalki é uma ninfa das águas muitas vezes tratada como uma sereia que, com o tempo, passou a ser retratada como uma criatura assustadora. Acreditava-se que mulheres que se afogaram voltariam como fantasmas que atraiam humanos para as águas também.
Até tomar forma na figura de Ariel e se tornar uma das princesas mais famosas da cultura pop, a sereia precisou nadar bastante ao longo da história, mas nunca mais foi esquecida. Atualmente diversos produtos midiáticos usam a figura da sereia em seus enredos, desde Piratas do Caribe, Aquamarine, Sereias de H2O até, claro, A Pequena Sereia.
Você pode conhecer o conto de fadas original, que inspirou a história de Ariel em Contos de Fadas em suas versões originais!
]]>Essa questão é levantada por Alexander Meireles da Silva, no prefácio de Os Melhores Contos de Fadas Celtas: "afinal de contas, como compreender uma criatura que, aos olhos do patriarcado, é capaz de gerar a vida, mas também se liga à morte pela eliminação regular do sangue, um fluido desde sempre ligado ao viver?". Esse pensamento fomentou o surgimento de criaturas sobrenaturais femininas. Uma dessas principais figuras é a fada.
As fadas são intimamente ligadas à cultura celta e eram vistas como seres responsáveis tanto pelo nascer das plantas e do fluxo dos rios quanto pelo acometimento de enfermidades e outros problemas que deixavam as comunidades do passado intrigadas pelo mistério e imprevisibilidade de sua ocorrência. Ou seja, as fadas nem sempre foram vistas como as criaturas frágeis e meigas como conhecemos hoje.
Como aponta Nelly Novaes Coelho em O conto de fadas (1998), há pouca dúvida entre pesquisadores e pesquisadoras de que as fadas surgiram em meio à cultura celta para expressar a natureza sobrenatural da mulher. Estabelece-se assim, na menção aos poderes proféticos dessas damas mágicas, a vinculação entre os celtas e a hipótese mais aceita quanto à origem da palavra "Fada". Com o tempo, as fadas também passaram a ser associadas à magia.
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Na literatura, as fadas se tornaram protagonistas pela primeira vez, na Inglaterra elizabetana da década de 1590, no poema épico The Faerie Queene, do inglês Edmund Spencer. A peça Sonhos de uma noite de verão, de William Shakespeare, provavelmente composta entre 1594 e 1596, também foi decisiva para a disseminação da figura da fada moderna.
Em 1697, dentro do mesmo contexto que levou Charles Perrault a publicar várias das histórias que viajam o tempo e abriram as portas para o gênero, Marie-Catherine d'Aulnoy cunhou o termo "Contos de Fadas".
Desde então a cultura pop absorveu a figura da fada e a reintroduziu na forma de personagens mais adoradas como a Fada Azul, que daria vida ao boneco de madeira conhecido como Pinóquio, Sininho, que atravessa gerações e se consolidou no imaginário popular ao lado de Peter Pan, a Fada Madrinha, que transforma o vestido de Cinderela na animação da Disney, entre tantas outras.
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